segunda-feira, 4 de julho de 2022

Driving pressure

DRIVING PRESSURE

O fenômeno do momento é o Driving Pressure que já vinha sendo citado no estudo de Amato e colaboradores em 1998, porém naquele momento seu N não era expressivo para determinar sua importância. Outro estudos chegavam a trazer alguns números sobre o Driving Pressure, porém nada muito expressivo até o momento.

Mas em 2015 no New England Amato e colaboradores publicaram um estudo interessante onde foi avaliado de forma retrospectiva, os estudos que ventilaram paciente com ARDS, e para isso ele analisou todos os valores de Driving Pressure dos mesmos. A ferramenta para sua análise foi a multilevel mediation analysis para os nove ensaios randomizados em ARDS com um total de mais de 3500 pacientes.

Na análise das variáveis eles encontraram o Driving Pressure como um preditor de sobrevida dos pacientes (RR 1.41; 95% - IC 1.31 a 1.51, p<0.001). Assim o estudo também demonstrou algo interessante que é a função da PEEP.

Ao olharmos o quadro ao lado notamos três situações:

Situação A: Notamos que mesmo ao mantermos a PEEP em níveis iguais inalterados, mas ocorrendo aumento do Platô, assim o Driving Pressure aumentou e vemos um aumento da mortalidade na mesma proporção.
Situação B: Notamos que quando aumentamos a PEEP e o platô aumenta na mesma proporção, mas mantendo o Driving Pressure inalterado, a mortalidade não se altera no contexto.
Situação C: Está situação mostra o efeito protetor da PEEP, onde quando ocorria seu aumento a pressão de platô caia, assim diminuindo o Driving Pressure e diminuindo a mortalidade na mesma proporção, possivelmente ocorrendo por uma melhora da complacência durante o aumento da PEEP nestes pacientes.

Os autores se baseiam que o Driving Pressure é como um volume corrigido, onde é mais viável mantermos um valor pressórico que acomode um valor de volume corrente adequado para o tamanho do pulmão, do que colocar um volume pelo seu peso ideal. A idéia é fantástica, porém necessitamos de estudos desenhados para tal análise, pois os estudos retrospectivos não tinham o desenho para o Driving Pressure. Porém este estudo foi promissor e demonstrou através de uma bela analise estatística seu poder de precisão para tal dado e apresenta gráficos interessantíssimos e sua explicação se baseia no stress strain que já foi também descrito na literatura como importante fator para lesão pulmonar. O Driving Pressure se relaciona com o stress cíclico que o pulmão é submetido e que poderá piorar o nível de lesão local, propagando a liberação de interleucinas e também podendo levar a biotraumas, assim os pacientes podem evoluir com disfunção de múltiplos orgãos que é comum em pacientes com ARDS.

Os valores de Driving Pressure maiores de 15 cmH20 estão relacionada com maiores mortalidades, sendo valores inferiores com taxas melhores de sobrevida, sendo o corte ideal de 13 cmH20.


O que os colegas acham???



Até a próxima....





Fernando Acácio Batista

Fisioterapeuta Intensivista do Hospital Sancta Maggiore
Professor da Universidade Anhanguera
Fisioterapeuta Emergêncista (ERWS)
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Professor do Aperfeiçoamento teórico da Liga da Fisiointensiva
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestrando em Terapia Intensiva pelo IBRATI








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