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Muitas vezes dentro da UTI nos deparamos com pacientes que se encontram colonizados ou infectados por alguma bactéria multirresistente – MR (genericamente definidas como aquelas que não são susceptíveis aos antibióticos de primeira escolha) ,esta situação esta cada vez mais prevalente nos hospitais e apresentam alto impacto sobre morbidade e mortalidade em terapia intensiva, na duração da internação e nos custos.
O aumento desta condição leva à internação de indivíduos cada vez mais graves e com imunossupressão , tudo isso somado ao surgimento da resistência antimicrobiana, confere às IRAS que são as infecções relacionadas à assistência a saúde, com especial relevância para a saúde pública, visto que a propagação destas infecções podem ocorrer através da contaminação das mãos dos profissionais da saúde ou de objetos inanimados como estetoscópio, ventiladores, camas, maçanetas, telefones, teclados , prontuários, comum após contato direto com o paciente.
Abaixo exemplos de patógenos encontrados em superfícies de contato:
O CDC (Center for Disease Control and Prevention) definiu que a proliferação destes microorganismos e o aumento da resistência aos antibióticos, como uma das ameaças mais importantes para a saúde humana em todo o mundo
Qual a diferença do paciente colonizado e infectado?
- Colonizado: Termo usado para indicar que o paciente está com uma bactéria em seu organismo, mas sem apresentar infecção ou qualquer outra doença. Não há sequer necessidade de tratamento.
- Infectado: Ocorre quando uma bactéria que colonizava previamente um paciente passa a causar dano à sua saúde. Tratamento é feito com antibióticos específicos para o tipo de bactéria identificada
Quais os principais organismos multirresistente encontrados em UTI?
Desde 2008 a sigla "ESKAPE" foi dada a um grupo de patógenos (faecium Enterococcus, Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae (K. pneumoniae), Acinetobacter baumannii, Pseudomonas aeruginosa (P. aeruginosa) e espécies de Enterobacter) que representam uma grande ameaça para segurança dos pacientes enfatizando a necessidade de antibióticos novos e eficazes, e ainda podemos acrescentar Clostridium difficille e o fungo Candida albicans.
Quem deve ficar em isolamento na UTI?
- Pacientes colonizados ou com infecção por patógenos multirresistentes;
- Pacientes submetidos às culturas de vigilância que tenham sido transferidos de outros hospitais, até o resultado negativo das mesmas.
Qual o tipo de isolamento?
- Geralmente isolamento de contato, quarto ou área privativa por coorte.
E agora? Quais os cuidados que devo ter no meu atendimento?
O tipo de isolamento NÃO deve ser impedimento para realização de qualquer procedimento fisioterapêutico, desde que observadas as seguintes questões:
- O profissional deve, dependendo da gravidade dos pacientes e na medida do possível, planejar o atendimento por coorte, ou seja, atender primeiro os pacientes de precaução padrão e depois os MR, ou se houver disponibilidade de recursos humanos dividir os profissionais para atendimento exclusivo para áreas de isolamento.
- Higienização das mãos com solução degermante ou alcoólica, antes e depois do contato com paciente colonizado/infectado por MR, mesmo tendo utilizado luvas de procedimento, assim como depois do contato com superfícies da área do leito do paciente ou com objetos, matéria orgânica ou equipamento que estiveram em contato com este. Estudos demostram que as mãos dos profissionais da saúde são o principais vetores de transmissão cruzada de patógenos, com um número estimado de 20 a 40% das infecções nosocomiais.
- As luvas de procedimento deverão ser utilizadas antes do contato com paciente ou material infectante, descartando-as após o uso.
- O profissional deverá utilizar o avental de manga longa de proteção ( retirar o jaleco branco de uso habitual ou colocá-lo por cima da roupa privativa ) ao entrar no quarto ,durante o atendimento, sempre que existir contato com o paciente, leito, mobiliário ou material infectante e retirá-lo antes de deixar o quarto obedecendo à técnica.
Jamais transitar com o avental para outro leito ou unidade!
- Uso adequado de todos EPIs (equipamento de proteção individual), incluído máscaras(cirúrgica ou N95), óculos e gorro.
- O profissional deve ter a sua disposição todos os EPIs para realização do atendimento, sendo OBRIGAÇÃO do empregador fornecê-los; conforme NR-06 e NR-32, do Ministério do Trabalho.
- Não é permitido realizar a assistência a paciente com o uso de anéis, pulseiras, brincos longos (> de 02cm), sapatos abertos, cabelos soltos ou unhas compridas; conforme NR32.
- Evitar realizar exercícios ou circular com o paciente para ambientes distantes do leito, sem anuência da quipe ou CCIH; caso seja possível, realizar todas as medidas de isolamento do profissional , do paciente e adotar todas as medidas de desinfecção posterior do local e dos materiais .
- Planejar o atendimento, separando previamente e levando para o leito todos os materiais que serão utilizados na terapia, para evitar saídas desnecessárias e eventuais quebras de barreira de isolamento.
- Realizar limpeza com fricção de álcool a 70%, (ou produto compatível com a natureza da superfície) de todos os equipamentos utilizados na terapia, como estetoscópio, equipamentos para cinesioterapia, etc.
Até a próxima...
Graziela Ultramari Domingues
Fisioterapeuta
Fisioterapeuta
Coordenadora do Serviço de Reabilitação do Instituto de Infectologia Emilio Ribas ( IIER-SP)
Membro da CCIH ,Comitê de Ética em Pesquisa e Time de Qualidade- IIER
Professora convidada do curso de aprimoramento EAD da Liga de Fisiointensiva
Professora convidada do curso de pós graduação em Terapia Intensiva – Faculdade Inspirar
Mestranda em Ciências da Saúde - Infectologia em Saúde Púbica – Coordenadoria de Controle de Doenças- CCD-SES
Especialização em Terapia Intensiva – Hospital do Servidor público Estadual ( IAMSPE-SP) Especialização em Aparelho Locomotor – Unifesp – SP
http://lattes.cnpq.br/8342551548968110
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