quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Efeito da pressão positiva contínua nas vias aéreas na absorção de líquidos entre os pacientes com derrame pleural por tuberculose



_________________________________________________________________________________


Não é de hoje que utilizamos de pressão positiva em pacientes com derrame pleural e sempre nos questionamos se isso poderá trazer algum beneficio real a nosso paciente.

No estudo Effect of continuous positive airway pressure on fluid absorption among patients with pleural effusion due to tuberculosis, eles determinaram se a pressão positiva poderia atuar no aumento da absorção do derrame pleural.

O estudo foi de caráter prospectivos em pacientes maiores de 18 anos e os pacientes eram submetidos a radiografia de tórax póstero-anterior e decúbito lateral, além de realizado toracocentese com biópsia. O diagnóstico de Tuberculose foi realizado pela análise do líquido pleural e todos os indivíduos dos grupos foram submetidos a tomografia de tórax antes de iniciar o tratamento e quatro semanas após o tratamento.

O grupo intervenção recebeu CPAP associado ao tratamento medicamentoso, onde o CPAP era realizado por um único Fisioterapeuta por três vezes por semana usando uma PEEP de 10 cmH20 por 30 minutos com um gerador de fluxo. A posição do paciente era sentada e a aplicação durou 4 semanas. Se os pacientes de ambos os grupos não tomassem os medicamentos de forma correta eram excluídos do estudo e isso era monitorizado pelo telefone.

No total 20 pacientes foram selecionados para o estudo e nenhum deles eram resistentes a rifampicina e isoniazida. 



A tabela mostra que a variação relativa entre o inicio e o fim (após 4 semanas de tratamento) do volume do fluido pleural foi significativamente maior no grupo intervenção (83,5% ± 3,6) do que
no grupo de controle (36,9% ± 2,9;_) p <0,001), sugerindo que o CPAP acelerou a velocidade de absorção do fluido. 








A figura demonstra a reconstrução do derrame pleural inicial em 3D e assim o estudo demonstra também as reconstruções em pacientes de ambos os grupos.

(Vale a pena a leitura)







O interessante neste estudo é que ocorreu uma redução significativa no derrame pleural no grupo CPAP (83,5%) após 4 semanas de tratamento, em comparação com o grupo controle (36,9% ± SD 2.9); p <0,001). 

Outro ponto importante é que muitos pacientes poderão desenvolver espessamento pleural um ano após o tratamento com medicamentos, e essa redução mais rápida que ocorreu no derrame pleural pode talvez reduzir está taxa de fibrose pleural.

Limitação do estudo:
  • A administração de medicamentos em ambos os grupos não foram verificadas de forma direta, assim podendo alterar o resultado do estudo sobre a absorção do derrame pleural


Assim os autores concluíram que o uso do CPAP parece ter aumentado a absorção pleural nos pacientes, mas que ainda necessitamos de mais estudos para elucidar estes resultados


O que acham???

http://www.scielo.br/pdf/rbfis/v14n2/aop001_10.pdf

Até a próxima...


Fernando Acácio Batista

Fisioterapeuta Intensivista e Gestor do Hospital Sancta Maggiore
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Professor do Aperfeiçoamento teórico da Liga da Fisiointensiva
Especialista em Terapia Intensiva pela ASSOBRAFIR-COFFITO
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestre em Terapia Intensiva pelo IBRATI





quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Efeitos da mobilização passiva nas respostas hemodinâmicas agudas em pacientes sob ventilação mecânica



No dia a dia sempre nos deparamos com aqueles pacientes sedados, e que por isso não apresentam tônus muscular presente e estão imóveis no leito, com isso pensamos sempre em realizar a mobilização passiva nos mesmos. E junto a este contexto, vem a indagação que ao mobilizar passivamente, eu estarei levando a algumas alterações hemodinâmicas?

Neste poste vamos falar do estudo Brasileiro "Efeitos da mobilização passiva nas respostas hemodinâmicas agudas em pacientes sob ventilação mecânica", que tem seus autores de Londrina. 


Foram incluídos no estudo:

  • Pacientes com idade acima de 18 anos;
  • Em uso de ventilação mecânica por mais de 48 horas;
  • Na modalidade pressão controlada;
  • Peep entre 5 a 8 cmH2O;
  • Vt entre 6 - 8 ml/kg;
  • Fio2 entre 21 - 50;
  • Com infusão de drogas sedativas e analgésicas para um Ramsay 4 a 6;
  • Sem uso de aminas;
  • E estáveis hemodinâmicamente.


O protocolo de mobilização passiva consistia em:

  • Manter os pacientes com elevação da cabeceira a 30 graus;
  • A mobilização era feita em movimentos de flexo-extensão do quadril e joelho (90º de flexão) durante cinco minutos. 
  • Após 10 minutos de repouso, foram realizadas mais cinco minutos de  flexo-extensão de ombro (90º de flexão). 
  • A Mobilização foi realizada por dois fisioterapeutas simultaneamente, sendo que enquanto um profissional realizava a flexão outro promovia a extensão do membro oposto, com uma freqüência de 30 movimentos por minuto.
  • As mensurações hemodinâmicas (frequência cardíaca (FC), pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) e pressão arterial média (PAM) foram realizadas um minuto antes da realização do protocolo e no primeiro minuto após o término de cada etapa. Para verificar os sinais clínicos, os pacientes foram monitorizados continuamente com traçado do ECG, FC, PAS, PAD e PAM .
  •  A variável duplo produto (DP) foi obtida por meio do produto da PAS pela FC (DP=PAS x FC), enquanto que a aquisição da variável para medida do consumo ou captação de oxigênio pelo miocárdio (mVO2 ) foi obtida também de forma indireta pela fórmula mVO2 =(DP x 0,0014) – 6,3.(15) 

Resultados: 

Segue a escrita no estudo " Analisando a FC (MMII, p=0,015; MMSS, p=0,034), DP (MMII, p=0,012; MMSS, p=0,025) e mVO2 (MMII, p=0,011; MMSS, p=0,024), observou-se diferença estatisticamente significante. Imediatamente após MP a PAM apresentou discreto aumento, sem significância estatística".



Comentário: Podemos notar que os autores obtiveram algumas diferenças em determinados dados, e isso pode ter ocorrido por alguns fatores:
  • A mobilização mesmo passiva de membros poderá levar ao uma aumento do retorno venoso, assim alterando a pré e pós carga cardíaca, com isso podemos notar um aumento da FC;
  • Outro possível fator no momento da mobilização pode ser explicado por um alongamento tendíneo, que poderá gerar um aumento da FC do paciente, pois esse alongamento irá gerar alterações no sistema autônomo do coração. Essa alteração mecano-reflexa gera descargas eferentes do sistema nervosos central e periférico, assim ao alongar um músculo, ocorrerá um ajuste da função cardíaca pela atividade simpática reflexa, com diminuição da modulação vagal. Resultado disto é que o sistema parassimpático tem seu estilo diminuído e o sistema simpático aumentado, assim a FC aumenta. (Lembrando que o sistema parassimpático determina o ritmo cardíaco e o sistema simpático quando estimulado tende a aumentar a FC).

Podemos ter em mente que mesmo durante à mobilização passiva de membros por tempo curto, poderemos encontrar alterações hemodinâmicas agudas nos nossos pacientes. Portanto devemos deixar algumas perguntas sobre estes resultados:

  • E se estes pacientes estivessem utilizando drogas vasoativas?
  • Será que a mobilização passiva trás algum desfecho favorável em pacientes sedados?
  • Ela deve ser implantada de rotina?
  • Estas alterações hemodinâmicas poderiam proporcionar o que de positivo para o paciente?
O que acham?

Até a próxima...





Fernando Acácio Batista

Fisioterapeuta Intensivista do Hospital Sancta Maggiore
Fisioterapia Emergêncista (ERWS)
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Professor do Aperfeiçoamento teórico da Liga da Fisiointensiva
Professor da Universidade Anhanguera
Professor convidado da Especialização em Cardiorrespiratória da Unicid
Membro da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestre em Terapia Intensiva pelo IBRATI






segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Série mitos da Fisioterapia Hospitalar - Incentivadores



Os incentivadores servem para incentivarmos o paciente a realizar inspirações profundas com o feedback visual, e no momento do seu uso podemos notar aumento da expansibilidade torácica e até da SpO2, o que explica muitas pessoas defenderem seu uso rotineiro, porém temos um estudo no JAMA (JAMA Surg. 2017 May; 152(5): 422–428.) que demonstrou não existir este beneficio, pois não se perdura no tempo. Com isso está argumentação cai por terra. 

Temos outras argumentações que o feedback visual ajudaria, porém já temos inúmeros estudos controlados e até meta-análise da Cochrane (DOI: 10.1002/14651858.CD006058.pub3.) demonstrando o contrário, que não tem indicação e seus desfechos clínicos não diminuem complicações respiratórias.

A PEDro Evidence também trás o dispositivo como um mito da Fisioterapia, portanto até o momento na ausência de estudos que comprovem sua eficácia, não temos motivos para seu uso e é um MITO.  E ele se baseia não apenas nestes três estudos, mas em muito trials que foram realizados e claro a meta- análise. 

Mas eu quero usar o dispositivo e continuarei mesmo não tendo evidências.

Bom o maior problema disso é ofertar uma terapia que não trás desfechos clínicos e fisiológicos para os pacientes, então podemos chamar a terapia de efeito placebo e precisamos começar a aceitar as evidências positivas e negativas para construir uma profissão melhor.

Não estamos tratando o paciente COMO evidência e sim COM evidências, e essa pequena palavra demonstra que utilizar técnicas comprovadas é tratar nosso paciente de forma eficiente, contribuindo para a aceleração da alta e diminuição de complicações pulmonares.

Não confunda humanização no contexto, pois ofertar algo sem comprovação não é nada humano.

Deixo 18 estudos sobre o assunto


http://www.scielo.br/scielo.php…
http://www.scielo.br/scielo.php…
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24510642
https://thorax.bmj.com/content/68/6/580
https://www.cochranelibrary.com/…/14651858.CD006058.pu…/full
https://jamanetwork.com/…/jamasurg…/article-abstract/2595918
http://integraronline.com.br/ad…/download/20100325000454.pdf
http://acc.aacnjournals.org/content/24/3/255.abstract
http://www.elsevier.pt/…/inspiratory-muscle-training-with-t…
https://jamanetwork.com/jou…/jamasurgery/fullarticle/2595919
https://jamanetwork.com/…/jamasurg…/article-abstract/2595918
https://jamanetwork.com/jou…/jamasurgery/fullarticle/2091776
https://jamanetwork.com/…/jamasurg…/article-abstract/2633547
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25607594
https://www.cochrane.org/…/ANAESTH_incentive-spirometry-for…
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19588380


_________________________________________________________________________________




Fernando Acácio Batista
Educador Físico
Fisioterapeuta
Gestor do Hospital Sancta Maggiore
Professor e Co-Fundador da Liga da Fisiointensiva
Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto Assobrafi/Coffito
Especializado em Fisioterapia Respiratória
Especializado em Fisioterapia em UTI
Mestre em Terapia Intensiva


Indicadores e métricas em auditoria


Os indicadores são unidades de medidas de alguma atividade de forma quantitativa com o objetivo de monitorar e avaliar a qualidade de alguns cuidados providos aos pacientes e suas atividades nos serviços. Não podemos dizer que ela é uma medida direta de qualidade, mas ela nos dá atenção para assuntos e processos específicos com seus resultados dentro da instituição. Podemos utilizar estes dados de diversas formas, porém devemos entender quando utilizamos tais métodos.

Exemplo:
  • Taxa/ coeficiente: é o número de vezes que um fato ocorreu dividido pelo número de vezes que ele poderia ter ocorrido, multiplicado por uma base e definido no tempo e no espaço. Por exemplo, para mortalidade geral a base é 1.000, para indicadores específicos de mortalidade é 100.000, bem como para outras situações pode ser 100, como para infecção hospitalar e letalidade;
  • Índice: é a relação entre dois números ou a razão entre determinados valores, tendo como exemplo o índice de giro ou de rotatividade dos leitos e camas;
  • Números absolutos: podem ser indicadores na medida em que se comparam valores iguais, maiores ou menores a ele, resultantes de atividades, ações ou estudos de processos, resultados, estrutura ou meio ambiente;
  • Fatos: por sua vez, demonstram a ocorrência de um resultado benéfico ou não, como por exemplo, um sangramento inesperado, uma reação alérgica, uma não conformidade ou outro resultado qualquer adverso ou não.
Quando nos referimos à gestão de qualidade total, devemos ter em mente que os indicadores são itens de controle de processos e apresentam extrema importância para acreditação hospitalar, Six Sigma e Certificações. Os indicadores devem obter algumas características como exatidão, confiabilidade, simplicidade, pertinência, validade e sensibilidade.

Ainda podemos dizer que os indicadores medem aspectos qualitativos e quantitativos ao meio ambiente, estrutura, processo e resultados. Os de meio ambiente ou meio externo são aqueles relacionados às condições de saúde de uma determinada população, a fatores demográficos, geográficos, educacionais, socioculturais, econômicos, políticos, legais e tecnológicos e existência ou não de instituições de saúde. Já os indicadores de saúde podem ser de resultados, processos ou determinantes.

  • Resultados são demonstrações dos efeitos consequentes da combinação de fatores do meio ambiente, estrutura e processos acontecidos ao paciente depois que algo é feito (ou não) a ele.
  • Processos são as atividades de cuidados realizadas para um paciente, frequentemente ligadas a resultado.
  • Estrutura é a parte física de uma instituição, os seus funcionários, instrumentais, equipamentos, móveis, aspectos relativos à organização, entre outros.

Dentro de todo esse contexto muitos de vocês já devem ter ouvido alguns indicadores, porém talvez não tenham parado para pensar nestes detalhes, mas alguns são muito comuns neste meio como: 
  • Taxa de mortalidade;
  • Tempo de permanência;
  • Taxa de readmissão imediata;
  • Taxa de infecção hospitalar;
  • Complicações cirúrgicas; 
  • Percentual de cesáreas;
  • Indicadores para eventos sentinela (Esse já comentado em um post sobre a importância da Fisioterapia nestes eventos)
Portanto a auditoria na qualidade é extremamente importante, mas e a Fisioterapia dentro de todo esse processo? Seria importante está mesma abordagem?


- Agenda for change – Characteristics of Clinical Indicators. Joint Commission. QRB – Quality Review Bulletin, v. 15, n. 11, 1989.
- NOGUEIRA, L. C. L. Gerenciando pela qualidade total na saúde. Belo Horizonte: EDG – Editora de Desenvolvimento Gerencial,1999. 2006.
- World Health Organization. "Health Indicators Catalogue", 1996.
- NOVAES, H. M.; PAGANINI, J. M. Padrões e indicadores de qualidade para hospitais (Brasil). OPAS/OMS, Washington, DC, 1994.



Fernando Acácio Batista

Fisioterapeuta Intensivista Gestor do Hospital Sancta Maggiore
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Especislita em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto pela Assofbrafir-Coffito
Mestre em Terapia Intensiva pelo IBRATI.



quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Respiração freno labial

 _________________________________________________________________________________


Dezessete indivíduos com DPOC, com média de 65 anos de idade, com histórico de tabagismo e estabilidade clínica sem hospitalização ou sintomas de exacerbação nas últimas 4 semanas, foram avaliados. No dia 1, as características dos participantes foram coletadas, e eles aprenderam a respiração diafragmática e sua combinação com respiração de lábios franzidos. No dia 2, os participantes foram avaliados por pletismografia optoeletrônica com os participantes na posição sentada enquanto realizavam exercícios respiratórios. 

A Respiração diafragmática e respiração diafragmática mais respiração de lábios franzidos promoveram aumento significativo do volume corrente da caixa torácica e de seus compartimentos, bem como redução da frequência respiratória quando comparados com a respiração silenciosa. Não foram observadas alterações significativas na dispnéia ou no volume expiratório final da parede torácica. Um aumento significativo no assincronismo (razão expiratória-fase inspiratória) foi observado durante respiração diafragmática e respiração diafragmática mais respiração lábios franzidos em comparação à respiração silenciosa, sem diferenças observadas entre os exercícios. 
Apesar do aumento da assincronia, os dois exercícios respiratórios foram capazes de melhorar os volumes da parede torácica sem afetar a dispneia. . A combinação de exercícios manteve os benefícios, mas não reduziu os efeitos adversos da respiração diafragmática


EM OUTRAS PALAVRAS, NA NOSSA PRÁTICA CLÍNICA É MUITO COMUM O USO DA RESPIRAÇÃO COM LÁBIOS FRANZIDOS OU FRENO LABIAL CONFORME CHAMAMOS. O QUE VALE RESSALTAR É QUE ELA NÃO MUDA DESFECHO E PODERÁ SER UTILIZADA DURANTES OS EXERCÍCIO MOTORES E ATÉ NA FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA. MAS SERÁ QUE NÃO É MAIS COMODO COLOCAR NOSSO PACIENTE PARA REALIZAR AS TERAPIAS MOTORAS NA VNI, ASSIM COLABORANDO PARA UMA MAIOR TOLERÂNCIA AO ESFORÇO?

O QUE ACHAM?


Fernando Acácio Batista

Fisioterapeuta Intensivista Gestor do Hospital Sancta Maggiore
Fisioterapeuta Emergêncista (ERWS)
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Professor do Aperfeiçoamento teórico da Liga da Fisiointensiva
Especializando em MBA em Gestão em Serviços de Saúde pela UNINOVE
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestrando em Terapia Intensiva pelo IBRATI


segunda-feira, 8 de novembro de 2021

VNI realizada com Helmet versus máscara facial em ARDS

O estudo Effect of Noninvasive Ventilation Delivered by Helmet vs Face Mask on the Rate of Endotracheal Intubation in Patients With Acute Respiratory Distress SyndromeA Randomized Clinical Trial publicado no JAMA 2016, teve como objetivo avaliar a VNI com o uso do Helmet comparado com a máscara facial. 


Foi um estudo Uni-centrico de ensaio clínico randomizado com 83 pacientes com diagnostico de ARDS que estavam necessitando de VNI com uso de máscara facial por pelo menos 8 horas. Com isso os participantes foram distribuídos aleatoriamente para dar continuidade com a VNI por máscara facil ou trocar o dispositivo para Helmet. A divisão então foi de 44 pacientes para a Helmet e 39 para a máscara facial.







Um ponto interessante no estudo é que não existiu um ponto de corte para a classificação da ARDS, sendo acoplado em ambos os grupos independente de sua classificação. Na parte esquerda da tabela vemos os pacientes que fizeram uso de máscara facial e a direita o Helmet, sendo que no grupo Helmet o pacientes eram piores pela classificação de Berlim.


O ponto chave do estudo como desfecho primário eram os pacientes que necessitaram de intubação oro-traqueal e os desfechos secundários era o dia livre do ventilador mecânico, duração da internação em UTI, tempo de permanência no Hospital e mortalidade nos 90 dias.


Resultados: 



O estudo foi interrompido precocemente e o taxa de intubação foi de  61,5% (n = 24) para o grupo máscara facial e de 18,2% (n = 8) para o grupo Helmet (diferença absoluta, -43,3%; IC95%, -62,4% para -24,3%; P <0,001).  

O número de dias livres do ventilador mecânico foi significativamente maior no grupo Helmet (28 vs 12,5; P <0,001).  




Em relação a mortalidade em 90 dias, 15 pacientes (34,1%) no grupo Helmet morreram versus 22 doentes (56,4%) no grupo máscara facial (diferença absoluta, -22,3%; IC95%, -43,3 para -1,4; P = 0,02). 


 
 


Os autores concluíram que o uso da VNI com Helmet resultou em uma redução significativa das taxas de intubação. Houve também um aumento significativo na redução da mortalidade em 90 dias, porém ainda ressaltam a importância de mais estudos. 



Até a próxima


Fernando Acácio Batista

Fisioterapeuta Intensivista do Hospital Sancta Maggiore
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestre em Terapia Intensiva pelo IBRATI

sábado, 6 de novembro de 2021

Variáveis para prescrição de exercícios clínicos



Hoje vamos falar rapidamento sobre as variáveis para prescrição de exercícios clínicos que são preconizados pelo O American College of Sports Medicine (FITT_VP).

  • F - Frequência: Quantos dias por semana você treina.
  • I - Intensidade: Percentual da frequência cardíaca, VO2, percepção de esforço, o km/h na esteira.= ou o peso que você utiliza.
  • T - Tempo: Duração dos treinos (minutos ou horas de cada treino e duração semanal).
  • T - Tipo: Modalidade de exercício.
  • V - Volume: O Volume é um produto de Intensidade x Tempo, que pode ser expresso por MET por semana ou mesmo Kcal por semana.
  • P - Progressão: Padrão de evolução. Quanto você aumenta por semana nas outras variáveis.
Deixo um vídeo sobre o assunto para vocês: https://youtu.be/NMbccnTRWYg



https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21694556/



Fernando Acácio Batista 
Fisioterapeuta Intensivista Gestor do Hospital Sancta Maggiore 
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva 
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva 
Título de Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto pelo COFFITO / ASSOBRAFIR Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP 
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP 
Mestre em Terapia Intensiva pelo IBRATI 
http://lattes.cnpq.br/3951715682086759

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

As vacinas para Covid-19 realmente salvam vidas?




Com o surgimento da pandemia de Covid-19, o Mundo viu reacender o espaço dos negacionistas e anti-vacinas. E isso não foi diferente no Brasil, onde nosso Presidente da República e inúmeros Médicos defendiam e continuam defendendo um Kit composto com medicamentos ineficazes no combate da Covid-19 (Azitromicina, Hidroxicloroquina, Ivermectina e Zinco).

E com isso eles arrastam seguidores que por ideologia, ou por ignorância perpetuam fake news sobre o assunto. Junto da defesa dos medicamentos ineficazes, outra afirmação é de que as vacinas forma feitas rapidamente e são experimentos sem eficácia (mais uma forma dos negacionistas tentarem propagar fake news).

O mais interessante nesta situação é que eles afirmam que s vacinas não tem evidências, quando elas tem. Mas defendem medicamentos ineficazes, portanto não dá para entender um cerebro assim.

Mas falando de estudos de vacinas, hoje eu trouxe um realizado na Argentina com os seguintes resultados:

  • Entre 663 602 residentes da cidade de Buenos Aires incluídos no estudo, 540 792 (81,4%) foram vacinados com pelo menos 1 dose, com 457 066 recebendo 1 dose (idade média [DP], 74,5 (8,9) anos; 61,5% eram mulheres [n = 281 284]; 68,0% [n = 310 987] receberam a vacina rAd26-rAd5; 29,5% [n = 135 036] receberam ChAdOx1; 2,4% [n = 11 043] receberam BBIBP-CorV) e 83 726 recebendo 2 doses (idade média [SD], 73,4 [6,8] anos; 63,5% eram mulheres [n = 53 204]).
  • A densidade de incidência de COVID-19 confirmado foi de 36,25 casos / 100.000 pessoas-dia (95% CI, 35,80-36,70 casos / 100.000 pessoas-dia) entre aqueles que não receberam a vacina, 19,13 casos / 100.000 pessoas-dia (95% CI, 18,63-19,62 casos / 100.000 pessoas-dia) entre aqueles que receberam 1 dose, e 4,33 casos / 100.000 pessoas-dia (95% CI, 3,85-4,81 casos / 100.000 pessoas-dia) entre aqueles que recebeu 2 doses.
  • A mortalidade por todas as causas foi de 11,74 casos / 100.000 pessoas-dia (95% CI, 11,51-11,96 casos / 100.000 pessoas-dia), 4,01 casos / 100.000 pessoas-dia (95% CI, 3,78-4,24 casos / 100.000 pessoa-dia) e 0,40 casos / 100.000 pessoas-dia (95% CI, 0,26-0,55 casos / 100.000 pessoas-dia).
  • A taxa de mortalidade relacionada a COVID-19 foi de 2,31 casos / 100.000 pessoas-dia (IC de 95%, 2,19-2,42 casos / 100.000 pessoas-dia), 0,59 casos / 100.000 pessoas-dia (IC de 95%, 0,50-0,67 casos / 100.000 pessoas-dia) e 0,04 casos / 100.000 pessoas-dia (IC de 95%, 0,0-0,09 casos / 100.000 pessoas-dia) entre os mesmos grupos.
  • Um esquema de vacinação de 2 doses foi associado a uma redução de 88,1% (IC 95%, 86,8% -89,2%) na infecção documentada, redução de 96,6% (IC 95%, 95,3% -97,5%) em todas as causas de morte e 98,3 % (IC de 95%, 95,3% -99,4%) redução na morte relacionada ao COVID-19. Uma única dose foi associada a 47,2% (IC de 95%, 44,2% -50.

Ou seja, as vacinas salvam vidas e mesmo quem já foi infectado precisa tomar a vacina.

Beijos para os negacionistas.






Fernando Acácio Batista 
Fisioterapeuta Intensivista Gestor do Hospital Sancta Maggiore 
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva 
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva 
Título de Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto pelo COFFITO / ASSOBRAFIR 
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP 
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP Mestre em Terapia Intensiva pelo IBRATI http://lattes.cnpq.br/3951715682086759

Postagem em destaque

Custos com inspirometro de incentivo

Nesse estudo foi demonstrado que o inspirometro de incentivo apesar de não ter sua eficácia comprovada, ela é amplamente utilizada ainda com...