segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Eu faço traqueostomia para acelerar o desmame?


Em pacientes que fazem uso de ventilação mecânica prolongada e consequente desmame tem um desmame dificil, é comum a realização de traqueostomia com vários objetivos, sendo um deles para à facilitação do desmame ventilatório. 

A realização de tal procedimento engloba quais motivos? 

Eu devo programar um desmame mais prolongado alternando nebulização com volta para o ventilador mecânico para reexpansão? 

Estou fazendo o tratamento correto ou apenas usando empirismo? 

Eu monitoro variáveis que me indiquem necessidade de retornar para pressão positiva ou estou fazendo receita de bolo?

Um estudo comparou o uso da pressão de suporte com o colar de traqueostomia (nebulização), onde 500 pacientes foram submetidos à um procedimento de triagem de 5 dias, destes 316 não toleraram o procedimento e foram aleatoriamente designados para receber desmame com pressão de suporte (n = 155) ou colar de traqueostomia (n = 161). 

O resultado encontrado foi que 152 pacientes no grupo pressão de suporte, 68 (44,7%) foram desmamados; 22 (14,5%) morreram, já dos 160 pacientes no grupo colar de traqueostomia, 85 (53,1%) foram desmamados; 16 (10,0%) morreram. 

O tempo médio de desmame foi menor com o uso de colar de traqueostomia (15 dias versus pressão de suporte com 19 dias) P = 0,004. O uso do colar de traqueostomia obteve um desmame mais rápido do que os que utilizaram pressão de suporte nos pacientes que não toleraram o procedimento de triagem entre 12 e 120 horas (HR, 3,33; IC 95%, 1,44-7,70; P = 0,005), enquanto que o tempo de desmame foi equivalente com os dois métodos em pacientes que não toleraram o procedimento de triagem dentro de 0 a 12 horas.

A mortalidade foi equivalente nos grupos, tanto em uso de pressão de suporte como com colar de traqueostomia aos 6 meses (55,92% contra 51,25%, diferença de 4,67%, IC de 95%, "6,4% a 15,7%) e em 12 meses (66,45% vs 60,00%, diferença de 6,45%, IC 95%", 4,2 % para 17,1%).

O que podemos concluir com este estudo é que ao desmamar o paciente diretamente com a nebulização, poderemos diminuir em até 4 dias o processo e isso significa redução de custos hospitalares e alta mais cedo do setor de ventilação mecânica o que é ótimo para a empresa e para o paciente. Portanto precisamos refletir sobre a imposição de um protocolo que possa prolongar tal processo, já que estamos procurando um desmame mais rápido para nossos pacientes.


http://www.acsu.buffalo.edu/~grant/96.pdf



Fernando Acácio Batista

Fisioterapeuta Intensivista Gestor do Hospital Sancta Maggiore
Fisioterapeuta Emergêncista (ERWS)
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor do Aperfeiçoamento teórico da Liga da Fisiointensiva
Professor da Fisioterapia Campos - Campinas
Professor da especialização do Instituto de Fisioterapia - RJ
Professor do Mestrado em Terapia Intensiva do IBRATI
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestre em Terapia Intensiva pelo IBRATI

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