segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Eu me formei, e agora?






No post de hoje vamos falar um pouco sobre o assunto que todo recém formado se preocupa. 

O que farei agora?

Antes de mais nada, temos que deixar claro que na Fisioterapia não basta apenas a graduação para atuar. Como assim? Sim você até pode arrumar emprego sem especialização, mas locais que presam pela qualidade preferem um profissional especializado. Não que um recém graduado não tenha qualidade, mas na graduação somos bem generalistas e o mercado de trabalho procura sempre um profissional especialista, mas que também tenha conhecimentos em outras áreas, porém com domínio em sua especifidade.

Como nosso blog é de Terapia Intensiva, irei me concentrar na área hospitalar... Assim nesta área grandes hospitais procuram profissionais com especialização. Mas qual fazer?

Temos algumas diferenças:

Residência: Geralmente são as especializações com maiores cargas horárias práticas, onde o profissional fica praticamente o dia todo no Hospital, trabalhando e recebe uma bolsa por isso. Está bolsa é destinada ao profissional por todo o seu curso e esta é a modalidade mais concorrida hoje em dia.

Especializações Teóricas: São muito comuns em Universidades e apresentam grande qualidade e muitas vezes a pessoa ganha o título de lato-sensu, mas a grande desvantagem é que não apresenta prática hospitalar e isso poderá ser um ponto fraco para a inserção do profissional no mercado de trabalho. Suas horas equivalem geralmente a 360 horas teóricas.

Aprimoramento pessoal ou Especialização profissionalizante: É uma modalidade com teoria e prática, geralmente envolvendo pelo menos 1000 horas práticas para mais. O profissional pode ganhar uma bolsa, no caso da FUNDAP, cursar de graça ou ter que pagar mensalidade. Estes cursos envolvem aulas teóricas e atendimento prático com vivência hospitalar e alguns cursos podem ter Lato-sensu e outros não.


Qual o cursos escolher:

Outra dúvida do recém formado é o curso, pois ele acredita que a depender do nome do curso ele poderá ter campo fechado para determinadas áreas, mas isso poderá ser verdadeiro ou não, a depender da atuação prática deste curso. O ideal é que todo curso especifique sua área de atuação.


  • Fisioterapia Hospitalar geralmente envolve atendimentos em UTI e Enfermarias, sendo diversas áreas a depender do porte do Hospital.
  • Fisioterapia Cardiorrespiratória tem atuação em UTI e Enfermaria específica.
  • Fisioterapia em Terapia Intensiva tem atuação restrita a UTI.


E por aí vai... O importante é o recém formado escolher sua área de preferência e estudar o conteúdo do curso antes de escolher.

Ter ou não ter Lato-sensu

Está dúvida é uma das maiores, onde saímos da Universidade com a idéia e obtenção de tal título, porém vale lembrar que para se inserir no mercado de trabalho assistêncial em Hospitais o que vale não é o título de Lato-sensu e sim sua vivência prática na especialização. Portanto uma especialização profissionalizante sem Lato-Sensu é válida sim. Eu mesmo tenho duas especializações sem Lato-sensu e me posicionei sem dificuldades no mercado de trabalho. 

Mas aí podem perguntar, mas eu quero Lato-sensu para futuramente dar aula.... Bom se quer dar aula se prepare para um Mestrado, pois hoje é um requisito minimo para quem quer lecionar.

Eu quero a Especialização X, pois lá tem nome

Essa é outra dúvida interessante, pois tendemos à escolher as coisas pelo nome, e a especialização não seria diferente. Mas será que o nome faz diferença??? 
O nome da instituição tem sim seu peso, mas você poderá fazer a melhor especialização e sair de lá sem conhecimento e não conseguir entrar no mercado de trabalho. Assim o que importa é vocês se dedicarem e estudarem muito, pois poderá ter feito a especialização que ninguém conhece, mas se arrasar nas provas admissionais dos Hospitais já é um bom caminho.


Portanto meu caro recém formado, não se desespere.....

Eu sempre costumo falar para quem me pergunta que a melhor pós graduação é aquela que se adequá ao seu bolso, disponibilidade e objetivos, pois a maioria das especializações práticas envolvem a disposição de tempo, pois os plantões são diários e quando não meio período, ela pega tempo integral. Hoje temos alternativas como especializações com práticas aos fins de semana intercalados que é outra possibilidade.


Independente da escolha, você deverá entrar no curso e estudar bastante, pois o mercado de trabalho mudou muito e tem exigido mais dos profissionais e quem continuar na mesma linha sempre, poderá ficar para trás. Muito estudo e dedicação é essencial para ser um profissional diferenciado e bem visto no mercado de trabalho.

Até a próxima....


Fernando Acácio Batista

Fisioterapeuta Intensivista do Hospital Sancta Maggiore
Fisioterapia Emergêncista (ERWS)
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Professor do Aperfeiçoamento teórico da Liga da Fisiointensiva
Professor da Universidade Anhanguera
Professor convidado da Especialização em Cardiorrespiratória da Unicid
Membro da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestre em Terapia Intensiva pelo IBRATI

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Fisioterapia e cirurgia torácica




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Sabemos que a Fisioterapia é sempre requisitada quando pacientes realizam algum tipo de cirurgia, e isso aumenta mais quando a cirurgia é em regiões torácicas, com o objetivo de diminuir as complicações como atelectasias que poderão levar a insuficiência respiratória ou aumentar o tempo de estádia no hospital. 


Assim este estudo realizou um questionário que foi distribuído a Fisioterapeutas nas unidades de cirúrgicas torácicas na Austrália e Nova Zelândia. 

Como resultado obtiveram: 

  • Uma taxa de resposta de 81%; 
  • 16 respondentes (35%) relataram avaliar todos os pacientes com toracotomia; 
  • A maioria dos entrevistados (96%) indicou que todos os pacientes foram atendidos por fisioterapeutas após a cirurgia, com 29 respondentes (63%) realizando intervenções profiláticas de fisioterapia para prevenir complicações pulmonares pós-operatórias; 
  • Os entrevistados relataram que o tratamento fisioterápico foi geralmente iniciado no primeiro dia pós-operatório (80%), sendo as intervenções terapêuticas mais utilizadas os exercícios de respiração profunda, o ciclo ativo de técnicas respiratórias, tosse, técnicas de expiração forçada e inspirações máximas sustentadas; 
  • A maioria dos entrevistados relatou que sentou os pacientes fora da cama (89%), começou a andar (70%) no primeiro dia pós-operatório. 
Os entrevistados indicaram que a experiência pessoal e as recomendações da literatura estabelecem a prática. 






Neste quadro ao lado se encontram as terapias que eram realizadas nos pacientes no pré-operatório que contavam em:
  • IS (Incentivador Respiratório); 
  • SMI (Inspirações máximas sustentadas); 
  • ACBT (Técnica de ciclo ativo da respiração); 
  • DBE (Exercícios respiratórios profundos). 








As intervenções de fisioterapia respiratória normalmente utilizadas ou consideradas contra-indicadas no pós-operatório.
  • CPAP = Pressão positiva contínua nas vias aéreas; 
  • BiPAP = Bi-level
  • PEP = Pressão expiratória positiva; 
  • IPPB = Pressão positiva intermitente (RPPI);
  •  ET = Aspiração endotraqueal ; 
  • IS = Espirometria de incentivo; 
  • SMI = Inspiração máxima sustentada; 
  • ACBT = Ciclo ativo de respiraçãotécnicas; 
  • FET = Técnica de expiração forçada; 
  • DBE = Exercícios de respiração profunda. 

Percebemos que neste estudo a maioria dos Fisioterapeutas ainda tratam os pacientes pré e pós cirúrgicas torácicas com manobras de Fisioterapia respiratória, embora sabemos da importância da mobilização precoce e deambulação, ainda ocorre insistência apenas nas práticas respiratórias. 

Vale ressaltar que este estudo foi publicado em 2007, porém mesmo que seja um estudo antigo, vale a pena a leitura e compressão deste perfil. 



Boa leitura





Fisioterapeuta Intensivista do Hospital Sancta Maggiore
Professor da Universidade Anhanguera
Fisioterapeuta Emergêncista (ERWS)
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Professor do Aperfeiçoamento teórico da Liga da Fisiointensiva
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestrando em Terapia Intensiva pelo IBRATI

domingo, 20 de fevereiro de 2022

Mitos da Fisioterapia Hospitalar - Fisio Respiratória


As Recomendações da AARC para uso de Fisioterapia respiratória são as seguintes:

1) A fisioterapia respiratória não é recomendada para o tratamento de rotina da pneumonia não complicada; 
2) Não é recomendada para uso de rotina em pacientes com DPOC; 
3) Pode ser considerada em pacientes com DPOC com retenção de secreção sintomática, guiada pela preferência do paciente, tolerância e eficácia da terapia; 
4) Não é recomendada se o paciente for capaz de mobilizar secreções com tosse, mas a instrução na técnica de tosse efetiva pode ser útil.

Para pacientes adultos e pediátricos com doença neuromuscular, fraqueza muscular respiratória ou tosse comprometida: 
1) As técnicas de assistência à tosse devem ser usadas em pacientes com doença neuromuscular, particularmente quando o pico de fluxo da tosse é <270 L / min; CPT, pressão expiratória positiva, ventilação percussiva intrapulmonar e compressão da parede torácica de alta freqüência não podem ser recomendadas devido a evidências insuficientes.

Para pacientes adultos e pediátricos pós-operatórios:
1) A espirometria de incentivo não é recomendada para uso profilático de rotina em pacientes no pós-operatório; 
2) A mobilidade precoce e deambulação são recomendadas para reduzir complicações pós-operatórias e promover desobstrução das vias aéreas; 
3) Não é recomendado Fisioterapia respiratória para cuidados pós-operatórios de rotina. A falta de evidências de alto nível disponíveis relacionadas a Fisioterapia Respiratória deve estimular o planejamento e a conclusão de estudos adequadamente planejados para determinar o papel apropriado dessas terapias.

Precisamos sempre levar em consideração que a utilização de manobras de higiene brônquica devem seguir alguns preceitos básicos do tixotropismo e até agora nossa mão não consegue atingir a frequência necessária, por isso a utilização de manobras de fluxo, pois o mesmo consegue tal efeito. Outro ponto importante é que se o paciente consegue expectorar, podemos nos concentrar em outros pontos mais importantes para ele naquele momento.


Ahhh mas na minha prática clínica eu vejo que tapotagem funciona... Será que funciona ou o paciente que é hipersecretivo e consegue expectorar independente da sua manobra, pois o mesmo tem tanta secreção em vias aéreas que não é a manobra que fez tal efeito? Portanto temos que tomar cuidado ao afirmar resultados baseados apenas em prática, pois lembramos que os estudos também são práticas, porém com mensuração estatística. A fisioterapia necessita de mais resolutividade para mostrar seus reais benefícios. 





Fernando Acácio Batista
Educador Físico
Fisioterapeuta
Gestor do Hospital Sancta Maggiore
Professor e Co-Fundador da Liga da Fisiointensiva
Professor da Fisioterapia Campos - Campinas
Professor da Especialização de Fisioterapia Intensiva SP- RJ
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva Adulto e Pediátrica IAPES ENSINO
Professor do Mestrado em Terapia Intensiva IBRATI
Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto Assobrafi/Coffito
Especializado em Fisioterapia Respiratória
Especializado em Fisioterapia em UTI
Mestre em Terapia Intensiva

domingo, 13 de fevereiro de 2022

VNI em pacientes com AVCI



O estudo sobre Segurança e tolerância no uso de VNI no modo Bipap em pacientes com acidente vascular encefálico agudo teve como objetivo, estudar pacientes admitidos dentro das 48 horas do sintoma. Os critérios de inclusão eram pacientes adultos com mais de 19 anos de idade com acidente vascular encefálico isquêmico ou ataque isquêmico transitório confirmadas com janelas temporais, além de doppler transcrâniano.


Os pacientes foram classificados com base nos critérios etiopatogéneticos, além dos déficit neurológicos serem classificados pela clássica NIHSS. Também foram avaliados em relação a apnéia do sono por Médicos pela Epworth score. Contudo os pacientes que foram considerados para uso de VNI era monitorizados com oximetria de pulso e as pressões era as seguintes: 
  • Pressão das vias aéreas inspiratória de 10 cmH2O e pressão positiva expiratória de 5 cmH2O em combinação de 40% de fração de oxigênio inspirada. Porém a pressão positiva nas vias aéreas foi titulada para assegurar um volume corrente entre 5 e 7 mL / kg. 

O escore de NIHSS na alta hospitalar era registrado para comparar a melhora neurológica durante a hospitalização e as causas de morte de todos os pacientes foram documentadas em todos os casos.




Como resultado em um total de 356 pacientes avaliados tivemos a mediana do escore NIHSS de 5 pontos, com um intervalo interquartil (IQR) de 2 a 13

Quase um quinto dos pacientes receberam VNI (n64; 18%) e as características basais nos pacientes que receberam VNI e na população remanescente do estudo são mostradas ao na tabela ao lado. 

O sexo masculino, fibrilação atrial e SAOS foram mais prevalentes em pacientes que receberam VNI. A gravidade inicial do AVC foi maior nos pacientes com VNI também (pontuação NIHSS mediana, 12 pontos, IQR, 6 -17) em relação ao restante (mediana da pontuação NIHSS, 4 pontos, IQR, 2-12; P <0,001 pelo teste U de Mann-Whitney )




Além disso o grupo VNI apresentou maior taxa de oclusões arteriais proximais (88% versus 64%, P <0,001). Os pacientes tratados com VNI tenderam a receber mais freqüentemente trombólise intravenosa (28%) em relação ao restante .

Os eventos em pacientes tratados com VNI foram fatais e entre os eventos adversos, na opinião dos pesquisadores, foram sérios e podem ter contribuído para desfechos desfavoráveis que ​​ocorreram em 7% (95% IC, 2% -16%).

A mortalidade hospitalar global foi de 8% (n30) e a taxa de mortalidade intra-hospitalar foi de 13% nos doentes tratados com VNI contra 8% nos restantes doentes. Entre os sobreviventes de AVC, melhora neurológica durante a hospitalização tendiam a ser maiores no grupo VNI em comparação com o grupo controle. 


Observação: Para o tamanho do efeito dado (redução absoluta de 6% na mortalidade intra-hospitalar), seria necessário um tamanho de amostra de 1120 pacientes (560 pacientes por grupo para testar a hipótese de se o tratamento com VNI em pacientes com isquemia cerebral aguda diminui a mortalidade intra-hospitalar com um poder de 80,4%.


Os autores concluíram que a VNI em pacientes com isquemia cerebral aguda pode ser tolerada na maioria dos pacientes.. Contudo outras investigações de forma prospectiva e randomizada devem ser realizadas para mostra a diminuição da mortalidade neste grupo de pacientes.

O que acham sobre a aplicação de VNI em pacintes com acidente vascular encefálico agudo???





Até a próxima...


Fernando Acácio Batista

Fisioterapeuta Intensivista gestor do Hospital Sancta Maggiore
Fisioterapeuta Emergêncista (ERWS)
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Professor do Aperfeiçoamento teórico da Liga da Fisiointensiva
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestrando em Terapia Intensiva pelo IBRATI







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