terça-feira, 14 de março de 2023

IWI em idosos



Em uma outra postagem tínhamos comentado sobre o IWI em https://ligadafisiointensiva.blogspot.com.br/2016/06/iwi-new-integrative-weaning-index-of.html . Hoje iremos novamente falar deste índice em seu mais novo estudo, porém agora em publico idoso.

Trata-se de um estudo de coorte prospectivo realizado em 3 uti´s a partir de um banco de dados e foram incluídos trezentos e trinta e um indivíduos que haviam recebido ventilação mecânica por 24 h. Depois disso, separaram os sujeitos com menos de 70 anos de idade (não idosos) daqueles que eram
70 anos (idosos). Foram utilizados os ventiladores Evita 2 (Drager, Lubeck, Alemanha).

Os pacientes que tinham critérios para desmame foram submetidos a um teste de respiração espontânea pelo método de Tubo - T de 02 horas, a complacência estática do sistema respiratório (CRS) foi medida durante a ventilação controlada e em modalidade a volume, também foi utilizado um espirômetro de cabeceira (RM121, Ohmeda, Tóquio, Japão). A pressão de oclusão da via aérea traqueal (P0.1) foi medida pelo software do Evita 2, sob pressão Suporte 7 cm H2O. Uma amostra de sangue arterial para analisar o SatO2 eo PaO2/ FIO2.

Os resultados obtidos foram: 

  • Entre os 331 sujeitos avaliados, foram encontrados 155 idosos e 176 não idosos. 
  • Na população total, a falha do desmame foi observada em 54 (16,3%) e mortalidade em 17 de 331 indivíduos (5,1%, incluindo 10 re-intubados e 4 morreram no hospital). 
  • A prevalência de desmame bem sucedido na população total foi de 83,7%. Não houve diferença na prevalência de desmame bem sucedido entre idosos e não idosos.
  • Não houve diferença entre idosos e não idosos em relação aos dias de ventilação mecânica (9,2 ± 8,6 dias versus 9,1 ± 6,7 dias, P <0,22). 
  • Também não houve diferença na duração do desmame entre idosos e não idosos (2,8 ± 2,6 d vs 2,6 ± 2,0 d, P <0,55). A análise das variáveis ​​de desfecho por amostra e idade é descrita na Tabela 2.
  • No grupo com faixa etária de 70 anos, os indicadores de qualidade foram: sensibilidade 97,6% (IC 94,9-100%), especificidade 96,7% (IC 90,2-100%), valor preditivo positivo 99,2% (IC 97,6-100%), valor preditivo negativo 90,6% (IC 80,5-100%), precisão 97,4% (IC 94,9-99,9%). 
  • No grupo com faixa etária de 70 anos, os indicadores de qualidade foram: sensibilidade 96,1% (IC 93,0-99,1%), especificidade 91,7% (IC 80,6-100%), valor preditivo positivo 98,6% (IC 96,8-100%), negativo Valor preditivo 78,6% (IC 63,4-93,8%), precisão 95,5% (IC 92,4-98,5%), razão de verossimilhança positiva de 11,5% e razão de verossimilhança negativa de 0,04%.
  • O IWI apresentou alto valor preditivo (97,2%) na população idosa, com IC variando de 91,2 a 99,1%. No entanto, combinado com o APACHE II, este diminui significativamente, expressando maior confiança. Portanto, podemos dizer que o IWI é um preditor essencial do desmame na população idosa.
Os autores concluíram que:
  • A oxigenação satisfatória, o CRS e o padrão respiratório, eefletida pelo IWI 25, geralmente conduzem a um desmame em indivíduos idosos. 
  • A grande maioria da população da UTI é composta por pacientes idosos, e o IWI, que anteriormente tinha mostrado alta precisão em uma população, demonstra agora uma grande precisão em idosos.
  • O IWI foi a única variável indepenente encontrada no desmame de indivíduos idosos que possam contribuir para o momento crítico desta população em cuidados intensivos. 
  • Nós Acreditammos que o IWI pode ser o índice mais exato predizer o desmame.

Minha opinião: Não é de hoje que tenho uma grande admiração pelo IWI e realmente não vejo na literatura atual, nenhum outro tipo de índice mais preciso que este para nos ajudar no nosso dia a dia na terapia intensiva. Mas qual o motivo de ser tão bom e ainda sim não ser amplamente usando em nosso país?

Eu tenho minhas teorias de alguns motivos, mas acredito que devemos optar por evidências confiáveis e o IWI se enquadra neste termo de forma precisa. Este estudo trás Brasileiros de peso no cenário da terapia intensiva e que desenvolvem um trabalho espetacular. Aproveitem e façam a leitura do artigo na integra que vale muito a pena.



Até a próxima...



Fernando Acácio Batista

Fisioterapeuta Intensivista Gestor do Hospital Sancta Maggiore
Fisioterapeuta Emergêncista (ERWS)
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Professor do Aperfeiçoamento teórico da Liga da Fisiointensiva
Especializando em MBA em Gestão em Serviços de Saúde pela UNINOVE
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestrando em Terapia Intensiva pelo IBRATI


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