sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Umidificação do O2 administrado em baixos fluxos na pediatria: certo ou errado?

Venha fazer parte e seja um membro da Liga da Fisiointensiva com este projeto que possui dois grandes objetivos: 

- O primeiro é a curadoria de conteúdos básicos e fundamentais para a realidade do fisioterapeuta intensivista, onde selecionamos os melhores professores com conhecimento de causa nas rotinas hospitalares.

- O segundo é ajudar na atualização avançada acerca dos diversos temas da Fisioterapia Hospitalar trazendo curso com diversos profissionais.

Bem vindo ao projeto mais inovador no cenário educacional da Fisioterapia intensiva do Brasil. O Clube de membros Fisioacademy MemberShip

Clique no link e saiba mais: http://bit.ly/2yFEc57membersliga

_________________________________________________________________________________

Umidificação do O2 administrado em baixos fluxos na pediatria: certo ou errado?

            Não raro faz-se necessária a suplementação de oxigênio em baixos fluxos para pacientes pediátricos, quer seja na UTI, enfermaria ou mesmo setor de emergência. Quando se utiliza como interface a cânula nasal quase sempre nos deparamos com um umidificador com água destilada (Fig. 1) acoplado à interface, mas será que esta “umidificação” é um procedimento correto e adequado ao paciente? Vejamos o que dizem as evidências...

                                                            Fig. 1

1)* O Manual de Oxigenoterapia para crianças, publicado pela Organização Mundial da Saúde (WHO) em 2016 afirma que quando o oxigênio é usado em baixos fluxos por interfaces nasais (< 4L/min) a umidificação não é necessária;
2)* O guideline da American Association of Respiratory Care sobre a oferta de O2 em pediatria e neonatologia afirma que sistemas de umidificação tem sido associados com contaminação bacteriana;
3)* Um artigo publicado na revista CHEST (Franchini et al, 2016) garante que a umidificação de bolhas NÃO umidifica adequadamente o O2 inspirado, não sendo capaz de prevenir a redução do clearence mucociliar e a desidratação da mucosa;
4)* O guideline da Sociedade Britânica de Tórax relata que a umidificação em baixos fluxos de oxigênio não é necessária (grau B de recomendação), e mais do que isso... o mesmo protocolo garante que não existem evidências do benefício clínico da umidificação do oxigênio e que a mesma não deve ser realizada por representar risco de infecção;
5)* Segundo Willians (2005), em sua publicação no Jornal Sulafricano de Cuidados Intensivos, o sistema de formação de bolhas pode favorecer a saída de bactérias do recipiente com água pela formação de um aerossol de água no mesmo.
Neste sentido, parece estar claro, à luz das evidências, o quão prejudicial pode ser à criança ou lactente a utilização do umidificador com água associado à cânula nasal.
Precisamos basear nossas condutas nas evidências científicas, em prol dos pacientes. E caso algum profissional queira fazer valer sua opinião pessoal, faz-se importante frisar que opinião de especialista é nível de evidência 5, portanto muito inferior às pesquisas e guidelines aqui apresentados.
Até a próxima...   😉


Docente das Pós-graduações em Terapia Intensiva (UFPA, CESUPA e INSPIRAR)
Especialista Profissional em Terapia Intensiva Ped e Neo (COFFITO/ASSOBRAFIR)
Especialista Profissional em Terapia Intensiva Adulto (COFFITO/ASSOBRAFIR)
Fisioterapeuta da Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (FHCGV) e do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB)
Mestre em Doenças Tropicais (UFPA)
Orientador da Liga Acadêmica de Fisioterapia em Pediatria e Neonatologia (LAFIPEN)







Postagem em destaque

Custos com inspirometro de incentivo

Nesse estudo foi demonstrado que o inspirometro de incentivo apesar de não ter sua eficácia comprovada, ela é amplamente utilizada ainda com...