quinta-feira, 7 de julho de 2022

Deambulação pós cateterismo cardíaco



Os pacientes que são submetidos a cateterismo cardíaco independente dos avanços tecnológicos, ainda tem como local de punção para realização do exame à artéria radial ou femoral. A via radial é melhor escolha pela praticidade ao paciente, porém nem todos contemplam desta "sorte", assim a via femoral será a escolhida e o paciente ficará restrito ao leito levando a desconfortos como dores lombares, além de uma permanência maior no Hospital.

Esta dependência prolongada no Hospital levam ao paciente que permanece em decúbito dorsal as dores lombares, como poderá acarretar também dificuldades para eliminações fisiológicas e dor durante a compressão local na retirada do introdutor. Outra desvantagem da via femoral é o tempo que o paciente poderá sair do leito para deambular, o que poderá variar a cada protocolo hospitalar.

Assim iremos analisar o estudo Early ambulation after diagnostic transfemoral catheterisation: A systematic review and meta-analysis que teve como objetivo avaliar os efeitos da duração do repouso após o cateterismo transfemoral na prevenção de complicações vasculares e desconforto geral, dor urinária desconforto e satisfação do paciente.

Então foram incluídos neste estudo os ensaios cegos e duplo cegos controlados randomizados e quase-randomizado e ensaio que utilizaram durações diferentes de repouso pós procedimento. OS estudos foram avaliados separadamente para verificar suas qualidades e assim extrair os dados. Portanto vinte estudos foram avaliados e envolveram 4019 participantes com idade média de 59 anos e os repouso nos estudos variaram entre 2 a 24 horas. Em um geral não ocorreram diferenças em relação a incidência de hemorrágia, hematoma, pseudoaneurismas, trombo ou fístulas.


Vamos analisar o estudo um pouco mais a fundo:


Foram incluídos estudos com base nas seguintes comparações:

- Comparando 2h de repouso na cama com deambulação versus 4h de repouso a partir do final da deambulação.
- Comparando 2-4h de repouso na cama com deambulação precoce vrsus repouso 6h com deambulação tardia. 
- Comparando repouso 4-6h com deambulação versus 12-24 h repouso a partir do final de deambulação


Os desfechos primários
- A incidência de hematoma no local da punção: hematoma mais de um centímetro de diâmetro
que apareceu depois que o paciente já saiu do leito.
- A incidência de sangramento que foi definido como a necessidade de  compressão arterial no local da punção depois que o paciente saiu do leito.

Os desfechos secundários
- Fístulas arterio-venosa e pseudoaneurisma: Que foram avaliados uma semana após o procedimento, pois estas complicações poderiam vir a ocorrer ao longo do tempo nestes pacientes.
- Incidência de contusões: presença de qualquer descoloração, sem inchaço palpável no local da virilha.
- Incidência de trombos.
- Severidade da dor nas costas e dor na virilha, medido pela escala analógica visual ou apresentar índice de dor imediatamente após o paciente sair da cama ou ate 48 horas depois.
- Desconforto urinário
- Conforto
- Custo.


Análise dos estudos e os riscos de viés o que pode comprometer ou não a qualidade dos estudos selecionados para a revisão com meta-análise.
  
Assim vamos aos resultados de forma simplificada






Ao compararmos todos os estudos comparando 2 a 4 horas, ou 2-4 a 6 horas ou 6 contra 12 a 24 horas não obtiveram diferenças em relação a incidências de hematomas, ou seja, a deambulação precoce neste grupo de pacientes parece ser seguras.
















Em relação a incidência de sangramentos parece também não existir diferenças no tempo de repouso no leito e em relação a deambulação, sendo outro ponto de importante segurança para estes pacientes
O estudo apresenta outros quadros interessantes demonstrando alguns resultados que deixarei por conta do leitor para estimular a curiosidade da leitura e a discussão caso alguém tenha interesse.

Assim os autores concluíram que a  deambulação precoce após o cateterismo transfemoral de diagnóstico não teve efeito significativo sobre a incidência de complicações vasculares incluindo hemorragia, hematoma, pseudo-aneurisma, trombo e fístula arterio-venosa. No entanto a deambulação precoce foi associada com um menor nível de intensidade dor nas costas e desconforto urinário  os resultados desta avaliação sugerem que os pacientes podem deambular após 2-3 h do
cateterismo transfemoral.


http://tums.ac.ir/1392/10/01/early.my%20article.pdf-zolfaghm-2013-12-22-02-50.pdf 

Até a próxima



Fernando Acácio Batista

Fisioterapeuta Intensivista do Hospital Sancta Maggiore
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Professor do Aperfeiçoamento teórico da Liga da Fisiointensiva
Oficial Fisioterapeuta Emergencista - ERWS
Membro da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestrando em Terapia Intensiva pelo IBRATI

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