segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

O futuro da Fisioterapia Hospitalar



Com a pandemia de 2019 a Fisioterapia Hospitalar teve uma alta visibilidade dentro do cenário hospitalar no Brasil, com criação de milhares de leitos e contratações de emergência. É claro que isso uma hora poderia diminuir e as demissões ocorreriam. Mas o fato mais interessante foi que tivemos falta de mão de obra especializada na área, com a necessidade de contratações de profissionais generalistas que precisaram relembrar e até aprender rapidamente sobre o mundo hospitalar para conseguir realizar seu trabalho com maestria.

A pandemia foi aumentando os seus números de casos e necessidade de mais leitos, com isso a oportunidade para os Fisioterapeutas melhoraram e até com aumento exponencial dos valores de plantões e salariais, pois estavamos na midia o tempo todo e isso ajudou muito a alavancagem.

A primeira onda acabou e entramos em 2021 com a promossa de melhores salários e condições de trabalho, porém a verdade é que iniciaram as demissões e as tercerizações em massa dos serviços. Vale lembrar que tercerizações são legais perante nossa lei, porém os Fisioterapeutas devem ser contratados em regime CLT por essas empresas, mas na verdade eles sçao contratados sem seus direitos das seguinte maneira:

  • Sem contrato algum;
  • Precisam abrir empresa, e isso torna uma quarterização que é ilegal;
  • Ganham uma sociedade de 1%, mas na verdade sabemos que nenhum deles são realmente dono da empresa e estão lá como assistenciais.
Logo todas essas estratégias realizadas retiram os direitos dos profissionais e ainda potencializa a exploração de trabalho por valores minimos de plantão. Eu tenho relatos de colegas ganhando 120 reais o plantão de 12 horas dia e 220 para 12 horas noite. O problema disso é que os valores são baixos e não compensam nem um pouco abrir mão dos direitos da CLT que são muitos.

Alguns colegas preferem trabalhar assim, pois conseguem flexibilidade nas escalas, porém com esse salário a pessoa precisa trabalhar em dois ou três para conseguir ganhar um salário que deveria ser pago em um hospital apenas. Nós temos como carga horária semanal as 30 horas, pórém na pratica dobramos isso e até triplicamos para conseguir ganhar um dinheiro que no final será todo gasto com contas básicas, e perpetuando essa sobrecarga de trabalho.

Mas qual o motivo dessa exploração ocorrer? Poderíamos listar várias aqui como:
  • Profissionais que se submetem a esses valores;
  • O número alto de profissionais sendo formados anualmente;
  • A necessidade financeira das pessoas que fazem elas aceitarem esses trabalhos;
  • O mercado que ainda não valorizou o fisioterapeuta por vários motivos;
  • O próprio fisioterapeuta que vê oportunidade em ter um serviço e explorar seus colegas.

De fato a pandemia colocou a fisioterapia em evidência, mas a situação não mudou nada e só tem piorado mais e mais, com o salário cada vez mais baixo e o poder social caindo todos os dias.

O que será da nossa profissão daqui para frente?


Fernando Acácio Batista 
Fisioterapeuta Intensivista Gestor  
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva 
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva 
Título de Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto pelo COFFITO / ASSOBRAFIR Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP 
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP 
Especialização em Fisiologia do Exercício pela UníAmarica
MBA em Gestão em Saúde e Acresitação Hospitalar pela UníAmérica
Mestre em Terapia Intensiva pelo IBRATI 
http://lattes.cnpq.br/3951715682086759

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