sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Fisioterapia no pós-operatório de correção de aneurisma de aorta


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Hoje iremos falar rapidamente sobre a abordagem da Fisioterapia em pacientes idosos que fazem correção de aneurisma abdominal e é um público com grandes chances de complicações e mortalidade a depender das comorbidades e do tipo de abordagem necessária. Portanto temos basicamente a correção do aneurisma por via endovascular e por via abdominal, onde o paciente necessitará de uma laparoscopia, o que poderá demandar maiores complicações pós-operatórias. 

E uma destas complicações são as pulmonares pelas quais ocorrem pela dor e hipoventilação, deixando nosso paciente vulnerável a ter atelectasias, hipoxemia, insuficiência respiratória e complicações como pneumonia. Assim logo que esse paciente chega do centro cirúrgico ele irá experimentar um período de dor na região do abdome, além de uma respiração mais superficial com relato de que ao tentar realizar uma inspiração profunda ele sente muita dor e não consegue. Outro fator importante que estará afetada é a tosse, pois sua capacidade inspiratória está alterada pela dor e manipulação local.

Este paciente se manterá restrito no leito por pelo menos 6 horas ou mais a depender da equipe cirúrgica, assim a equipe de Fisioterapia é acionada para trabalhar com este paciente e a primeira terapia em mente é os incentivadores respiratórios como o Respiron (dispositivo a fluxo), pois é barato e de fácil acesso. Sua indicação se dá pelo fato do paciente necessitar realizar inspirações profundas e como é um aparelho ele serve de incentivo para o mesmo. Porém muitos profissionais relatam que ao usar tal dispositivo observam aumento da expansão do toráx e melhora da Spo2, mas ao buscarmos na literatura seus benefícios veremos que temos meta análises demonstrando que o mesmo não apresenta eficácia em desfechos importantes como complicações pulmonares, assim deixando em dúvida sua real necessidade. Mesmo que os estudos sejam de baixa qualidade, ainda não podemos afirmar que tal artefato tenha algum beneficio para estes pacientes, sendo necessário análise criteriosa para sua indicação.

Outra conduta que podemos utilizar nestes pacientes que ficam acamados é a introdução da pressão positiva, onde está parece ter mostrado resultados interessantes para grupos de pacientes que se submetem a abordagem torácicas e abdominais, sendo assim um grande aliado para nossa terapia no dia a dia.

Outra abordagem interessante é que deve ser instalada precocemente é a retirada do leitos destes pacientes, permanecendo o mais tempo possível na poltrona e atingindo metas de deambulação. Estas metas ainda não nos trazem números como base, porém sabemos que a deambulação tem grandes benefícios nos pacientes com aumento do volume minutos e recrutamento de unidades alveolares que podem esta fechadas, além que parece aumentar um pouco o limiar de dor destes pacientes.

Devemos lembrar que estes pacientes poderão ser abordados por via endovascular onde sua liberação será muito mais rápida para a saída do leito, já os pacientes com abordagens por via laparoscópicas tem sua liberação de saída do leito por volta do 1º ou 2º P.O a depender de cada caso.

Segue um exemplo de metas diárias que poderemos estabelecer para estes pacientes:

1º P.O meta de deambulação minima de 50 metros/dia.
2º P.O meta de deambulação minima de 100 metros/dia
3º P.O meta de deambulação minima de 250 metros/dia


Associado a deambulação o paciente poderá realizar ainda exercícios resistidos, cicloergômetria de MMSS e MMII e se mantém em poltrona, ou seja fora do leito a maior parte do dia.Tudo isso para diminuirmos o risco de complicações pulmonares e otimização de alta para estes pacientes.

Lembrando que o grupo de pacientes que realizam este tipo de cirúrgica geralmente fazem parte da 3º idade e carregam como histórico doenças pregressas e catabolismo acelerado. Portanto é de extrema importância a abordagem multi profissional...


Até a próxima...





Fernando Acácio Batista

Fisioterapeuta Intensivista Gestor do Hospital Sancta Maggiore
Fisioterapeuta Emergêncista (ERWS)
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Professor do Aperfeiçoamento teórico da Liga da Fisiointensiva
Especializando em MBA em Gestão em Serviços de Saúde pela UNINOVE
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestrando em Terapia Intensiva pelo IBRATI

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