domingo, 5 de novembro de 2023

Como mudar a visão da Fisioterapia

Olá, meu nome é Fernando Acácio Batista e eu sou Fisioterapeuta especialista em fisioterapia em terapia intensiva adulto, além disso sou professor de ventilação mecânica tema que adoro e leciono em algumas especializações. Venho aqui deixar disponível para quem tenha interesse meu curso e e-book.

Cursos de atualizações em VM: https://fernandoabatista34.wixsite.com/website
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Em uma discussão dentro de um grupo de Fisioterapeutas intensivistas sobre como mudar o paradigma da Fisioterapia, pois em seu serviço o Fisioterapeuta era o que apenas aspirava, que montava o ventilador mecânico, que fazia VNI, que trocava fixação de COT, entre outras funções que lhe tomava muito tempo e não conseguiam mobilizar os pacientes adequadamente, assim era muito comum os pacientes apresentarem FAUTI.

O que temos de interessante é que ainda muitos Hospitais do Brasil tem esse perfil de atendimento de Fisioterapia baseado em Respiratória, como um Terapeuta Respiratório Americano, porém com condutas limitadas. Isso nos remete ao passado quando a Fisioterapia iniciou seus trabalhos dentro do Hospital e sua abordagem era realmente de predomínio respiratório e com pouca mobilização, pois ainda não tínhamos conhecimento sobre mobilização precoce e seus efeitos nos pacientes críticos. O passado nos proporcionou um ganho enorme de espaço dentro da UTI, pois  hoje temos liberdade na equipe para realizarmos nossos atendimentos e evoluirmos cada dia mais.

Por outro lado ainda temos a cultura de outras equipes em achar que o Fisioterapeuta é responsável e único pela aspiração dos pacientes, coleta de secreção e outras funções que já sabemos, porém como mudar está visão simplista da profissão:


  • Primeiramente devemos mudar a cultura local, ou seja mudar a cultura da organização pela qual estamos inseridos;
  • Isso deve se iniciar com uma reunião entre Coordenadores Médicos e de todas as outras equipes existentes no Hospital, onde poderemos expor sobre a atuação da Fisioterapia e mostrar evidências de que a reabilitação é muito mais importante para o paciente e para os custos hospitalares;
  • Essas reuniões talvez denotem de tempo para as reais mudanças, pois o novo irá gerar conflitos e dúvidas nas equipes, e aí que entra o poder de convencer através de conhecimentos e com resposta baseada em dados;
  • Após as chefias estarem ciente e concordarem com as mudanças, o próximo passo é começar a implantar uma nova cultura nos colaboradores, o que denota tempo e flexibilidade, visto o conflito que iremos iniciar com as mudanças.

E por onde começar:

  • Devemos ter todos os lideres das equipes ao nosso lado e disposto a mudar essa cultura;
  • Promover treinamento das equipes em relações as novas condutas, protocolos e mudanças que serão realizadas no Hospital;
  • Montar um roteiro para que na integração de todos os profissionais o Fisioterapeuta apresente o seu trabalho, deixando claro o que é de sua responsabilidade, o que é compartilhado e o que pode ser de comum acordo;
  • Tabular dados com indicadores precisos que relacionem os procedimentos da Fisioterapia e redução de custos para a organização, pois assim conseguimos melhorar a equipe, gerar mais contratações e manter um bom posicionamento dentro da organização;
  • Apresentar resultados mensais e fechar balanço anual, porém as metas devem ser restabelecidas mês a mês, sempre com o objetivo de qualidade assistencial e menor custo.

Parece simples não é?       Porém é extremamente trabalhoso mudar uma cultura imposta por anos dentro da organização, onde iremos lidar com egos, auto estima, personalidade e Seres Humanos que serão o maior problema de todos. Toda mudança gera desconforto, conflitos, reclamações e insatisfações. Porém é extremamente importante persistir no ideal.

Até hoje muitos profissionais e até Fisioterapeutas não sabem nossa real função, que vai muito além da ventilação mecânica e aspirações de pacientes. Não adianta querermos mudar as coisas cortando os galhos das árvores, mas sim devemos regar estas árvores para que elas cresçam e proporcionem flores mais bonitas. Ou seja, não adianta entrar em conflito com pessoas da assistência, mas devemos começar trazendo os lideres de cada equipe para o nosso lado e assim juntos mudarmos o cenário da organização, onde todos só tem a ganhar.

Caso alguém queira conhecer um pouco mais da atuação da Fisioterapia dentro do Hospital segue alguns links importantes: 
Hoje a Fisioterapia em Terapia Intensiva vem se estabelecendo forte e conquistando seu lugar e não podemos deixar que outros profissionais tenham essa visão simplista pela qual apenas rebaixa nosso potencial e nossa atuação.  A mudanças devem começar de algum ponto e profissionais que lutam pela profissão e não apresentam aversão a riscos terão trabalho, porém a recompensa virá futuramente. E nem sempre a recompensa será em espécie, mas sim no prazer em contribuir para o avanço da profissão, proporcionando uma melhor qualidade de atendimento para os pacientes, melhor recolocação para colegas de profissão e melhor posicionamento da Fisioterapia. Criar possibilidade de empregos é responsabilidade social.

Até a próxima...




Fernando Acácio Batista

Professor de Educação Física
Fisioterapeuta Intensivista
Estudante de Nutrição
Gestor do Hospital Sancta Maggiore
Co-fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da especialização em Fisioterapia Hospitalar da Physiocursos Sorocaba
Professor da Especialização em Fisioterapia em Terapia Intensiva da Inspirar
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva pela ASSSOBRAFIR-COFFITO
Especializado em Fisiologia do Exercício pela UniAmérica
MBA em Gestão da Qualidade e Acreditação Hospitalar pela UniAmérica
Mestre em Terapia Intensiva pelo IBRATI

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