domingo, 28 de julho de 2024

Procedimento de decanulação e/ou troca de cânula traqueal.

O PLENÁRIO DO CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, no uso de suas atribuições e disposições regulamentares conferidas pela Lei nº 6.316, de 17 de dezembro de 1975, e pela Resolução nº 412, de 19 de janeiro de 2012, em que,ACORDAM os Conselheiros do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, reunidos na sessão da 265ª Reunião Plenária Ordinária, em aprovar, por unanimidade, o parecer confeccionado pela Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (ASSOBRAFIR), com o seguinte teor:
“Trata-se de consulta formulada pelos associados da Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva – ASSOBRAFIR acerca do papel do fisioterapeuta na realização do procedimento de decanulação e/ou troca de cânula traqueal.
Informam, ainda, os consulentes que, na atuação em equipe multidisciplinar, muitas vezes ocorre conflito entre profissionais sobre a atribuição da realização do procedimento de decanulação e/ou troca de cânula traqueal.É o relatório.Passo a opinar.
A recolocação, troca ou retirada da cânula traqueal (traqueóstomo) é um procedimento que envolve riscos inerentes, tais como falso pertuito, perda do orifício traqueal, estenose traqueal, etc., podendo acarretar a necessidade de intubação orotraqueal, terapia medicamentosa ou técnica cirúrgica, recursos esses não incluídos no rol de procedimentos fisioterapêuticos.
O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, quando disciplina a especialidade profissional de Fisioterapia Respiratória, estabelece como competência do fisioterapeuta a realização da avaliação e monitorização da via aérea natural e artificial, como se vê claramente na Resolução nº 400, de 3 de agosto de 2011, em seu art. 3º, III, in verbis: ‘art. 3º Para o exercício da Especialidade Profissional de Fisioterapia Respiratória é necessário o domínio das seguintes Grandes Áreas de Competência: III – Realizar avaliação e monitorização da via aérea natural e artificial […]’.
O mesmo pode ser constatado na Resolução nº 402, editada pelo Egrégio Conselho Federal, disciplinando a especialidade profissional de Fisioterapia em Terapia Intensiva:
‘art. 3º Para o exercício da Especialidade Profissional de Fisioterapia em Terapia Intensiva é necessário o domínio das seguintes Grandes Áreas de Competência: […] III – Realizar avaliação e monitorização da via aérea natural e artificial do paciente crítico ou potencialmente crítico […].’
Mostra-se patente, destarte, que os procedimentos de decanulação ou troca de cânula traqueal não se encontram no rol de atribuições dessas especialidades. Ademais, deve-se ainda salientar o importante papel do fisioterapeuta na avaliação da indicação e do prognóstico da decanulação, baseando-se na mensuração de parâmetros ventilatórios e musculoesqueléticos, tais como capacidade vital lenta, pico de fluxo de tosse, força muscular inspiratória, expiratória e periférica, dentre outros.
CONCLUSÃO
Em face do exposto, a Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva – ASSOBRAFIR opina que a realização de procedimentos como decanulação e troca de cânula traqueal não são atribuições do fisioterapeuta.”
Quórum: Dr. Roberto Mattar Cepeda – Presidente; Dra. Luziana Carvalho de Albuquerque Maranhão – Vice-Presidente; Dr. Cássio Fernando Oliveira da Silva – Diretor-Secretário; Dr. Wilen Heil e Silva – Diretor-Tesoureiro; Dra. Elineth da Conceição Braga Valente – Conselheira Efetiva; Dr. Leonardo José Costa de Lima – Conselheiro Efetivo; Dr. Marcelo Renato Massahud Junior – Conselheiro Efetivo; Dra. Patrícia Luciane Santos de Lima – Conselheira Efetiva; e Dra. Patrícia Rossafa Branco – Conselheira Efetiva.


Obs: Mais um acórdão para nos respaldar durante nossa prática clínica, que muitas vezes nos dispõem de tempo e nos retira a possibilidade de estar mobilizando um paciente. Sabemos que  o procedimento de troca de cânula e decanulação de traqueostomia é importante para o paciente, porém não temos este procedimento enquadrado em nossas funções. Mesmo que nós temos algumas responsabilidade com as vias aéreas dos pacientes, mas isso compete a equipe Médica.




Fernando Acácio Batista

Fisioterapeuta Intensivista do Hospital Sancta Maggiore
Fisioterapia Emergêncista (ERWS)
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Professor do Aperfeiçoamento teórico da Liga da Fisiointensiva
Professor da Universidade Anhanguera
Professor convidado da Especialização em Cardiorrespiratória da Unicid
Membro da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestre em Terapia Intensiva pelo IBRATI

segunda-feira, 22 de julho de 2024

Mobilização de pacientes com ECMO




Quando pensamos em mobilizar nossos pacientes, diversas barreiras podem aparecer no meio do caminho para dificultar nossa terapia, porém em sua maioria não se tratam de barreiras realmente perigosas e sim de uma situação de receio ou medo por falta de experiência muitas vezes. 

E se falarmos que existe a possibilidade de deambular com pacientes em uso de ECMO?

Muitos poderão torcer os olhos e eu confesso que eu também farei o mesmo, pois fico imaginando como a equipe conseguirá retirar um paciente do leito com um aparato daqueles, além de que a  responsabilidade que teremos nesta conduta será enorme.

Sabemos que a oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) vem sendo  utilizada em pacientes com insuficiência respiratória como pacientes com ARDS, pacientes que irão receber transplante pulmonar e até pós transplante como ponte de recuperação, entre outros. E isso faz com que estes pacientes que recebem ECMO venovenosa ou venoarterial sejam desconsiderados para o atendimento da Fisioterapia em relação a exercícios ativos, pois muitos estão sedados e com uso de agentes bloqueadores neuromusculares, além de termos um aparato enorme pela frente. Mas será que todos os pacientes que irão receber ECMO devem ficar totalmente em repouso?

Ainda nos falta informações condizentes sobre os desfechos em pacientes que realizam Fisioterapia e deambulam em uso de tal dispositivo, mas se pensarmos que todos os pacientes que recebem ECMO e que ficarão em repouso, poderão evoluir para fraqueza muscular induzida pela UTI, repensamos o que poderíamos fazer para manter a manutenção da força muscular e funcionalidade?

Claro que para conseguirmos tal feito teremos que mobilizar precocemente estes pacientes, mas será que isso pode ser algo seguro?

Neste post vamos falar de um estudo de coorte retrospectivo com 100 pacientes que receberam ECMO na terapia intensiva, onde foram evidenciados que 35% destes recebiam terapia ativa, e dentre eles eram pacientes que utilizaram a ECMO como ponte para transplante ou como ponto de recuperação. 

O interessante que todos os pacientes que recebiam ECMO eram avaliados de segunda a sábado para adequação de sua participação da Fisioterapia e Terapia Ocupacional, e estas avaliações eram realizadas por Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais, Enfermeiros, Terapeutas Respiratórios e Médicos Intensivistas, assim garantindo adequada segurança para inclusão na terapia.

Os pacientes que apresentavam hemorragia significativa, arritmia instável, trombocitopenia grave, instabilidade hemodinâmica que necessitavam de vasopressores em altas doses, hipoxemia grave apesar da suplementação de oxigênio, sedação e uso de bloqueio neuromuscular eram excluídos para a Fisioterapia no momento.

Assim a equipe de mobilização era constituída por um Fisioterapeuta, um Perfusionista, um Enfermeiro e um Terapeuta Respiratório, ou algum outro profissional a depender da necessidade do paciente. Porém tinham que ter pelo menos três profissionais no minimo para iniciar a Terapia, pois os aparatos eram um circuito de ECMO simplificado que inclui apenas os componentes do núcleo (bomba centrífuga, oxigenador de membrana, console e tubulação), todas as outras terapias intravenosas, incluindo a hemodiálise, eram administradas através de pontos de acesso separados e as terapias não essenciais eram interrompidas temporariamente durante as sessões de Fisioterapia.


Um dispositivo de estabilização, consistindo de material de fissuração termoplástico, pode ser usado para fixar a cânula ECMO e tubulação durante a mobilização. O circuito da ECMO, constituído por uma bomba centrífuga, um oxigenador de polimetilpenteno e um console, eram mantidos em um carrinho que poderia ser mobilizado ao lado do paciente. Durante as sessões de fisioterapia, a ECMO era ajustada conforme o necessário, com base no julgamento clínico e o estado hemodinâmico e respiratório eram monitorados ao longo de toda a terapia, incluindo o uso de oximetria de pulso contínua. 

 A duração da ECMO foi de 14,3 ± 10,9 dias e os pacientes receberam 7,2 ± 6,5 sessões Fisioterapia, além de que nas sessões 18 pacientes (51%) deambularam (mediana de distância de 35 metros), sendo que destes, 9  estavam em uso de vasopressores. 

Assim os autores concluíram que a Fisioterapia e a deambulação poderão ser realizadas de forma segura em pacientes que recebem ECMO, porém ainda não temos resultados sobre os desfechos que está mobilização pode trazer a estes pacientes. Vale ressaltar que é necessário uma equipe experiente para realizar tal conduta, com adequada fixação dos cateteres, transporte do equipamento e retirada do paciente do leito.

Segue um link de um paciente andando na ECMO:
https://www.youtube.com/watch?v=FD7r3Di-5gU


https://ccforum.biomedcentral.com/articles/10.1186/cc13746


Até a próxima...



Fernando Acácio Batista

Fisioterapeuta Intensivista do Hospital Sancta Maggiore
Professor da Universidade Anhanguera
Fisioterapeuta Emergêncista (ERWS)
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Professor do Aperfeiçoamento teórico da Liga da Fisiointensiva
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestrando em Terapia Intensiva pelo IBRATI



segunda-feira, 15 de julho de 2024

Pense nos efeitos da mobilização

Nós sabemos que ainda existem inúmeras barreiras que nos impedem de oferecer o melhor da mobilização dentro do Hospital, mas muitas destas podem ser derrubadas e não oferecem perigo ao paciente, desde que a terapia seja adequadamente pensada e desenhada para aquele cliente.

Aqui deixamos um comentário bem básico do que podemos fazer e observar para que realizamos a retirada do paciente do leito





Assim devemos nos perguntar, quais os efeitos benéficos do exercício para estes pacientes?

  1. Melhora a homeostase do açúcar no sangue;
  2. Melhora a função cardiovascular;
  3. Melhora a função endotelial;
  4. Diminui a inflamação crônica;
  5. Regula os níveis hormonais;
  6. Preserva a integridade musculoesquelética e neuromuscular;
  7. Diminui a depressão e melhora a cognição;
  8. Entre outros.
Estes e outros benefícios é o que desejamos aos nossos pacientes quando os submetemos a esforços e mobilização dentro da unidade hospitalar e o que torna a atividade física única é como poucos efeitos colaterais adversos são encontrados. O nosso maior problema ainda é determinar a dosagem correta e a freqüência para a mobilidade, por isso que os programas estabelecidos de mobilidade precoce na UTI dependem da consulta da equipe e principalmente do responsável pela terapia que é o Fisioterapeuta e o Terapeuta Ocupacional.


Podemos dividir a mobilização em alguns passos após eleger nosso paciente com potencial para mobilização
  1. Deixar os acessos invasivos dos pacientes de forma que não irá gerar tração ou possível perda dos mesmos, os protegendo;
  2. Ligue o monitor portátil se deseja tirar seu paciente do leito e o monitore;
  3. Inicie os exercícios no leito ainda e observe as respostas fisiológicas do paciente no monitor e sua clínica, além de cuidado com os acessos e linhas medicamentosas; Certifique que o paciente pode realizar ortostatismo (a ponte é um achado interessante).
  4. Realize sedestação a beira leito e observe a clínica e principalmente a hipotensão postural;
  5. Auxilie o paciente passar para ortostatismo, poderá abaixar toda a cama ou se não for o caso utilizar escadas ou ajuda adicional;
  6. Ao iniciar a deambulação, manter uma cadeira sempre por perto para caso o paciente se canse e utilizar de outras pessoas que o auxiliem para maior segurança, pois ao depender do paciente este poderá ter bomba de infusão e o uso da ventilação mecânica, entre outros dispositivos.
  7. Deixo o paciente repousar sentado de acordo com a necessidade e avaliação.

Devemos considerar algumas coisas no atendimento dos nosso pacientes


  1. Determinar o nível de atividade terapêutica;
  2. Identificar o equipamento disponível;
  3. Programe o tempo da atividade física com o paciente e a família do paciente;
  4. Determinar se a sedação precisa ser suspensa.
  5. Avaliar e gerenciar a dor do paciente antes, durante e após a mobilidade;
  6. Otimizar o nível de alerta do paciente para tornar o tratamento benéfico;
  7. Crie atividades que sejam orientadas para o paciente; 
  8. Não atrasar ou adiar a atividade física e reabilitação porque o paciente deve ser extubado naquele dia; 
  9. Não atrasar ou adiar a atividade física por causa da agitação, pois isso pode ser gerenciado com segurança pela enfermagem e pelo Médico. Em pacientes que estão agitados ou em delírio, uma tarefa focada oferece uma oportunidade para re-orientar a conversa.


Pare e repouse o doente caso:

  1. Tenha piora do nível de consciência;
  2. Apresente palidez;
  3. Apresenta fadiga importe;
  4. Desconforto respiratório;
  5. Bradicardia e taquicardia;
  6. Instabilidade hemodinâmica importante.



Até a próxima...




Fernando Acácio Batista

Fisioterapeuta Intensivista gestor do Hospital Sancta Maggiore
Fisioterapeuta Emergêncista (ERWS)
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Professor do Aperfeiçoamento teórico da Liga da Fisiointensiva
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestrando em Terapia Intensiva pelo IBRATI



terça-feira, 9 de julho de 2024

O paciente idoso critico


Neste post vamos abordar de forma simples algumas alterações encontradas em idosos.

O envelhecimento é um processo que poderá levar o paciente a desenvolver uma fragilidade maior, principalmente quando apresentar internação hospitalares decorrente de suas doenças crônicas. Geralmente o tempo de internação se torna maior e o risco de morbidade e mortalidade são mais expressivos, com forte relação de suas alterações fisiológicas que este grupo de pacientes apresentam.

E quais são as alterações fisiológicas do idoso?

Sistema cardiovascular

  • Fibrose miocárdica;
  • Endurecimento da parede ventricular com disfunção diastólica;
  • Hipertensão sistólica;
  • Distúrbios de condutâncias;
  • Pressão de pulso alargada;
  • Capacidade autonômica diminuída;
  • Permeabilidade capilar aumentada;
  • Risco de hipotensão;
Sistema Respiratório
  • Perda da função pulmonar progressiva;
  • Riscos de broncoaspirações;
  • Importante diminuição da sensibilidade do centro respiratório com alterações na resposta a hipercapnia e hipoxêmia;
  • Risco aumentado de IRpA;
  • Perda de superfície de troca gasosa;
  • Diminuição no consumo de oxigênio;
  • Aumento da complacência pulmonar por perda de recolhimento elástico;
  • Perda da complacência da parede torácica;
  • Diminuição da CVF e FEV1;
  • Diminuição da resposta protetora de vias aéreas;
  • Queda na pressão arterial de oxigênio;
Sistema renal
  • Massa renal e glomérulos diminuem progressivamente;
  • Diminuição da taxa de filtração glomerular;
  • Deterioração da função tubular;
  • Diminuição na capacidade de depuração de drogas;
  • Fica mais susceptível a anormalidades hipovolêmicas;
Sistema Hepático
  • A função celular fica preservada;
  • O fluxo sanguíneo ao longo do tempo diminui;
  • Diminuição da capacidade de depuração de drogas;
Sistema nervoso central
  • Diminuição na massa encefálica;
  • Diminuição na densidade neuronal;
  • Diminuição da síntese de dopamina;
  • Diminuição na síntese de noradrenalina;
  • Diminuição das ondas lentas do sono, assim tem dificuldades em adormecer;
  • Diminuição na resposta simática e parassimpática;
  • Limiar da dor poderá ser aumentada;
Sistema de termorregulação
  • Aumento do risco de hipotermia;
  • Vasocontrição poderá aumentar drasticamente e levar a aumento no trabalho do miocárdio e demanda de oxigênio;
Sistema endócrino
  • Maior tendência a hiperglicemias;
  • Risco maior de diabetes;
  • Redução do metabolismo basal;
Sistema nutricional
  • Risco de super alimentação quando na UTI;
  • Apresentam dietas muito pobres normalmente;
Entre outras...

Portanto nossos idosos apresentam risco maiores de complicações perante doenças que irão aparecer no curso de sua idade, e com isso a necessidade de tratamento individualizado e uma atenção especial.

Em um estudo de coorte em 2015 foi verificado por exemplo que a comunicação entre Médicos e famílias eram deficientes, onde a maioria delas queriam que o tratamento ao idoso maior de 80 anos tivesse como objetivo o conforto e o mínimo sofrimento, sendo este o valor mais importante para eles neste momento, e apenas 57,3% dos familiares disseram que ocorreram uma boa comunicação com a equipe Médica sobre o suporte de atendimento.

Sabemos que a chance no aumento da mortalidade existe neste grupo de pacientes muito idosos e é de extrema importância à comunicação com os familiares para a tomada de decisões terapêuticas, relataras possibilidades que poderão ser obtidas e também o momento mais duro que é o recebimento da informação das falhas terapêuticas. Devemos lembrar que nossa função é promover a melhora dos nossos pacientes, mas também é importante o conforto e diminuição do sofrimento decorrente de algumas condutas




Até a próxima...




Fernando Acácio Batista

Fisioterapeuta Intensivista do Hospital Sancta Maggiore
Fisioterapia Emergêncista (ERWS)
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Professor do Aperfeiçoamento teórico da Liga da Fisiointensiva
Professor da Universidade Anhanguera
Professor convidado da Especialização em Cardiorrespiratória da Unicid
Membro da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestre em Terapia Intensiva pelo IBRATI




























Ards pulmonar X extra pulmonar

Olá pessoal, hoje iremos abordar de forma objetiva as diferenças entre ARDS pulmonar e extra pulmonar. Fica claro que a ARDS ainda é uma condição de grande desafio para todos nós que atuamos diretamente com o cuidado de pacientes críticos e sua mortalidade ainda é alta, mesmo com a adoção das estratégias ventilatórias protetoras. Além disso no Brasil temos por cultura a utilização do recrutamento alveolar, porém nem sempre o paciente apresenta uma boa resposta e isso pode ser acarretado pelo tipo da doença. 

Com isso vamos descrever o que encontramos na ARDS pulmonar, que nada mais é a ARDS primária, ou com acometimento direto no pulmão onde encontraremos: 

• Maiores áreas de consolidação alveolares gerando alterações de difusão;
• Pode apresentar infiltração intersticial e alveolar difusa homogênea, sem evidência de atelectasia; 
• A elastância aparenta ser maior que na ARDS extra pulmonar; 
• Broncogramas aéreos.

Segue uma imagem de um paciente com pneumocistose que possivelmente pelas imagem de tomografia não apresentará uma resposta satisfatória ao recrutamento: 


Já na ARDS extra pulmonar, onde o acometimento é em um órgão a distância, porém por conta da cascata inflamatória e alterações de permeabilidade vascular o tecido pulmonar é invadido e acometido, assim encontraremos: 

• Maiores áreas de vidro fosco; 
• A atelectasia dependente é mais comum; 
• A elastância aparenta ser menor que na ARDS pulmonar; 
• Não apresenta broncograma aéreo.

Segue uma imagem de uma ARDS extra pulmonar com a presença de baby lung:



Assim percebemos que na ARDS pulmonar o pulmão apresenta mais consolidações do que atelectasias, o que pode comprometer a resposta ao recrutamento alveolar, já a ARDS extra pulmonar apresenta atelectasia dependente, que nos remete ao famoso baby lung, nos dando informações de que a resposta ao recrutamento poderá ser mais efetiva.


Portanto é extremamente importante uma avaliação individualizada e traçar um plano terapêutico individualizado, onde será necessário refletir qual estratégia abordar: Open Lung, ARDSnet, LOV, Express e assim por diante. Sempre lembrar que nem tudo pode ser usado por todos, assim protocolos, estratégias existem para uma melhor avaliação a beira leito para as necessidades reais dos pacientes.



Espero ter ajudado e não deixem de comentar no blog

Até a próxima...



Fernando Acácio Batista
Educador Físico e Fisioterapeuta
Gestor do Hospital Sancta Maggiore
Co-fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Especializado em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especializado em Fisioterapia em UTI pelo HCFMUSP
Mestre em Terapia Intensiva pelo IBRATI
Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto pela Assobrafir/Coffito




Postagem em destaque

Meu Paciente está com uma infecção multirresistente e agora

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