segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Como ocorre a defesa do nosso trato respiratório

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Nesta postagem vamos falar sobre como ocorre a defesa de nosso trato respiratório, já que diariamente estamos propensos a inalar particular irritantes e com a presença de agentes infecciosos.

Não poderíamos deixar de falar sobre nosso nariz, pois esta estrutura apresenta pêlos e cílios, pelos quais irão realizar a filtração do ar inalado. Associado com está função o turbilhonamento aéreo também irá impedir a passagem de agentes infecciosos por impactação local. Ocorrerá também o fechamento da glote que será outro mecânismo de proteção, porém caso ocorra a passagem de algum agente ou partícula, nosso sistema lançara mão do processo de expulsão do agente mediado pela tosse. 




Outro processo que ocorre na vias aéreas com aproximadamente 90% das partículas de 5µ a 10µ de diâmetro, pelas quais ficarão retidas ao longo da traquéia ou nos brônquios de grosso calibre, enquanto as partículas menores que  0,5m a 5m de diâmetro podem escapar à filtração e ser depositadas nos espaços aéreos ou deixar as vias aéreas pela expiração.




Nosso trato respiratório detém de um aparelho mucociliar importante, cujo revestimento de sua mucosa que irá cobrir ou recobrir as vias aéreas apresentam células ciliadas. Essas que irão desempenhar a importante função de propulsão do muco em direção a nossa orofaringe, para assim realizar o clearence de secreção, pelo qual ocorre diariamente e nem sequer percebemos. Nós possuímos por volta de 200 cílios em cada célula ou 2 milhões por cm2 da superfície mucosa. Os batimentos ciliares ocorrem por cerca de 1,300 batimento por minuto, assim gerando o deslocamento ascendente de partículas a uma velocidade média de 10 a 20 mm por minuto. A eliminação dos materiais depositados nas vias aéreas poderão ser eliminados dentro de uma hora.

Não podemos deixar de citar que quando os agentes irritativos são presentes no trato respiratório nossas glândulas e célula do epitélio irão se alterar e mudar a composição do muco, assim aumentando sua viscosidade, com produção de mucopolissacarídeos, ácidos e sulfatos que alteram as propriedade do muco, gerando retenção e aumentando a susceptibilidade de infecções. A tosse se torna presentes neste processo de deposição de partículas para sua expulsão do trato respiratório.


Quando as partículas são menores do que a depositadas nas vias aéreas por deposição, elas passam para os alvéolos pelo processo de sedimentação passiva e os movimentos brownianos (movimentos de partículas sobre um fluído).  Como as bactérias têm, em sua maioria, dimensões entre 0,5µ e 5µ, assim se explica que elas atinjam os alvéolos.

 Sabendo então que poderemos encontrar partículas como bactérias que poderão chegar até nossos alvéolos, nosso sistema tem um processo importante de defesa imunológica tanto natural como adaptativo, onde o natural é o responsável pela defesa inicial e o adaptativo poderá promover uma resposta mais forte em meio a uma infecção.

Assim podemos dizer que:
  • Defesa inicial: É a defesa imediata que irá atuar dificultando a chegada de germes às porções mais próximas das pequenas vias aéreas, assim retardando a instalação de um processo agressor nas vias aéreas que gere processo inflamatório. 
  • Defesa adaptativa: São as respostas imunológicas mediadas por linfócitos, para deter o agente agressor, porém podendo desencadear também grandes consequências para nosso sistema pulmonar. 


Nosso sistema de defesa inicial possui células fagocíticas como neutrófilos e macrófagos, também as células NK (natural killer) e as células dentríticas. Além do nosso sistema apresentar componentes como os receptores Toll-Like que são de uma família de proteínas transmembrânicas de tipo I que formam uma parte do sistema imunológico inato. Nos vertebrados também possibilitam a adaptação do sistema imune. As estruturas que se ligam aos TLRs são moléculas altamente conservadas e presentes em muitos patógenos, denominadas padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs).



Os padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs), são constituídos por lipídios e carboidratos, pois são os maiores componentes da membrana celular dos micro-organismos, assim os receptores que irão se ligar a estas estruturas são os chamados receptores de reconhecimento de padrões, que ativarão vária respostas celulares, como a produção de moléculas que irão promover a inflamação de defesa contra agentes infecciosos. Neste processo de inflamação e defesa são liberados algumas citocinas que poderão induzir a processos de combate e até mais agressão no sistema que são os interferons e as interleucinas (IL-2, IL-6, IL-8, IL-12, IL-16), além do TNF-alfa.

Sabemos ainda que os agentes agressores poderão vencer a resposta de defesa natural do nosso sistema e assim precisaremos de algo mais potente para este combate, assim o sistema lança mão de sua defesa adaptativa que será mediada pelos linfócitos T.



Os linfócitos T (Auxiliares CD4+) irão ajudar os macrófagos a eliminar os agentes fagocitados e ajudarão também a células B na produção de anticorpos. Já os linfócitos citotóxicos (CD8+) irão destruir as células que contêm os agentes agressores os eliminando.







 
Os macrófagos alveolares se encontram nos alvéolos normais, sendo a mais importante célula no local, promovendo o clearence alveolar, retirando a maioria dos patógenos dos alvéolos dentro de 24 horas, onde ele transposta ate os bronquíolos terminais, pelo qual irá ser carreado pelo tapete mucociliar.






E o sistema humoral?

Nosso sistema apresenta a liberação de IgA e IgG que são glicoproteínas sintetizadas e excretadas por células plasmáticas derivadas do Linfocito T, assim atacando proteínas estranhas no nosso corpo ao entrar em contato com o antígeno são produzidos anticorpos específicos contra o agente. Existem cinco classes de imunoglobulina como função de anticorpo que são as IgA, IgD, IgE, IgG e IgM

Nosso sistema pode gerar estresse oxidativo?

Infelizmente no combate a agentes patógenos o sistema de defesa irá gerar radicais livres oxidantes, pelos quais são extremamente tóxicos para o pulmão e são derivados do metabolismo do oxigênio. Os radicais são compostos que transferem átomos de oxigênio ou ganham elétrons em uma reação química e dentre eles os principais incluem O2- (ânion superóxido), H2O2 (peróxido de hidrogênio), OH- (radical hidroxila) e oxigênio eletricamente excitado (O2-), que poderão levar a alteração da atividade antimicrobiana e afetar a função do macrófago alveolar, promovendo a lesão tecidual local.

Caso nosso sistema não consiga eliminar o agente, como último recurso lançará mão do processo de formação do granuloma para cercar o processo inflamatório em andamento que poderá proliferar um processo fibrótico local.


Assim podemos notar o quanto é importante e complexo o sistema de defesa das nossas vias aéreas, e mesmo com todo este complexo, não é incomum vermos infecções recorrentes neste sistema.

Espero ter ajudado com este resumão..


http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42301997000100014
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17091214
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2713330/
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16088445
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11477402
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16322592
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18774381


Até a próxima...


Fernando Acácio Batista

Fisioterapeuta Intensivista do Hospital Sancta Maggiore
Fisioterapia Emergêncista (ERWS)
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Professor do Aperfeiçoamento teórico da Liga da Fisiointensiva
Professor da Universidade Anhanguera
Professor convidado da Especialização em Fisioterapia em Terapia Intensiva da UNICID
Membro da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestre em Terapia Intensiva pelo IBRATI












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