Este estudo mostra os dez motivos para se mobilizar um paciente. Assim podemos ter a certeza que nosso trabalho poderá ser eficiente e eficaz.
1 - Atenua complicações do repouso no leito.
O repouso e a imobilização têm efeitos negativos significativos sobre o sistema músculo-esquelético, com alterações na arquitetura do músculo periférico, contratilidade, capacidade e resistência à insulina. Além disso, o repouso no leito está associado a alterações no equilíbrio de mediadores pro-anti-inflamatórios sistêmicos e disfunção micro-vascular. No cenário de repouso no leito e doença crítica, a perda muscular ocorre cedo e rapidamente, com reduções de até 30% nos primeiros 10 dias. A qualidade muscular, medida por ultra-sonografia, deteriora-se rapidamente, com concomitante perde de força e função. A combinação de doença crítica e repouso no leito pode resultar em maior perda muscular em comparação com o repouso sozinho, devido aos potenciais efeitos sinérgicos da inflamação, sedação, corticosteróides e bloqueadores neuromusculares. Notavelmente, a duração do repouso no leito na UTI foi o fator de risco único mais consistentemente associado à fraqueza muscular em 220 sobreviventes de SDRA longitudinalmente seguidos por 2 anos.
2 - Diminui as sequelas da fraqueza muscular induzida pela UTI (ICUAW)
A ICUAW pode estar presente em 25-50% dos pacientes, e está associada com pior sobrevida a longo prazo, função e qualidade de vida relacionada à saúde. Intervindo com a mobilização e reabilitação precoce poderemos mlhorar a fraqueza muscular para melhorar após a alta da UTI.
3 - As barreiras poderão ser modificáveis
As questões relacionadas com pacientes, meio ambiente, cultura e processos são as principais categorias de barreiras à implementação. No entanto, há uma riqueza de estratégias com êxito implementadas para superar tais barreiras, incluindo critérios de segurança, identificando e facilitando a comunicação interdisciplinar. Enfrentar essas barreiras acabará por melhorar a viabilidade da implementação.
4 - A implementação é viável
Há uma grande base de literatura descrevendo a implementação da mobilização e reabilitação precoce
como parte da prática clínica de rotina. Um estudo inicial demonstrou que a maioria dos pacientes em ventilação mecânica caminharam por distâncias maiores de 100 pés.
5 - Promove a redução da sedação
A sedação profunda precoce pode retardar a extubação e pode afetar os resultados neuropsiquiátricos. A Priorização precoce da mobilidade pode encorajar a diminuição da sedação, fornecendo uma justificativa adicional para prática. Na verdade, reduzindo a sedação e proporcionando mobilidade
como parte de um conjunto de cuidados, temos demonstrados como resultados a probabilidade da redução do delirium e dobramos as chances dos pacientes serem mobilizados.
6 - É seguro
Em cinco ensaios publicados de mobilização e reabilitação em UTI, com mais de 700 pacientes e mais de 3 mil tratamentos, apenas cinco eventos potenciais de segurança foram relatados. Além disso, como parte da prática clínica de rotina, um estudo de um único centro com mais de 1100 pacientes que receberam mais de 5200 tratamentos relataram 34 eventos potenciais de segurança (0,6%), sendo que apenas 4 (0,07%) necessitaram de tratamento.
7 - Promove melhores resultados funcionais com início precoce
Existem pelo menos nove ensaios clínicos controlados publicados que avaliam a eficácia da mobilidade e da reabilitação na UTI para melhorar os resultados funcionais. Os resultados funcionais destes ensaios são conflitantes. Todos os quatro ensaios com intervenção precoce (início 1-4 dias após a admissão na UTI) demonstraram diferenças significativas nos resultados funcionais em pontos de tempo variáveis, embora em dois destes ensaios a funcionalidade teve um resultado secundário. Por outro lado, dois dos três ensaios com intervenção posterior (a partir de 7-14 dias) não demonstraram diferenças na funcionalidade, o seu desfecho primário. Estes dois ensaios "negativos" também tiveram grupos de controle que receberam reabilitação com uma intensidade muito maior do que a relatada em estudos de prevalência pontual internacional e nos grupos de controle de "cuidados habituais" de ensaios que demonstram diferenças nos resultados funcionais.
8 - Pode diminuir o delírio
O delirium na UTI e comprometimento cognitivo pós-UTI são muito comuns. A pesquisa em indivíduos saudáveis e doentes sugere que o exercício melhora os resultados neuropsiquiátricos. Um pequeno estudo de caso-controle de estimulação elétrica funcional inicial ciclado assistido demonstrou uma diminuição absoluta de 62% na incidência de delirium, e um estudo de diminuição de sedação e mobilidade precoce reduziu para metade as probabilidades de delirium. Além disso, um estudo randomizado controlado (ECR) demonstrou que a reabilitação precoce na UTI reduziu a incidência de delirium em 50% no cenário de interrupção diária da sedação. Entretanto, resultados semelhantes não foram demonstrados em um ECR mais recente que não incluiu nenhum protocolo de sedação com sua intervenção de reabilitação.
9 - Novas tecnologias expandem oportunidades para mobilização
O uso de tecnologias existentes dentro da UTI oferece abordagens viáveis para início precoce da mobilização e reabilitação. Por exemplo, a eletroestimulação neuromuscular, cicloergômetria no leito, e estas duas intervenções combinadas (isto é, estimulação eléctrica funcional - ciclos assistidos) podem ser instituídas precocemente e fornecem treinamento de força muscular para pacientes que estão sedados ou acordados, e podem ajudar a preservar a arquitetura muscular e melhorar a força e funcionalidade. Outras estratégias inovadoras incluem novas camas de hospital com possibilidade de promover o ortostatismo assistido, melhorando a funcionalidade e facilitando e egresso para caminhar, além de jogos de vídeo interativos para fornecer tanto a reabilitação física e cognitiva.
10 - Pode reduzir a utilização geral de recursos, assim diminuindo gastos hospitalares
O efeito da mobilização precoce e da reabilitação sobre o tempo de permanência de internação hospitalar tem resultados conflitantes dos ensaios até à data. Em um estudo, houve redução da estádia hospitalar, juntamente com diminuição da mortalidade e reinternações em um ano, mas outro estudo, no mesmo local, não encontrou diferença. Com base em dados anteriores, um modelo financeiro de custos líquidos baseados em programas de reabilitação precoce dentro do cenário de saúde americana demonstram bons resultados.No entanto, outras análises ainda são necessárias.
Podemos verificar que em 8 anos da primeira grande publicação de mobilização precoce, temos avançado muito em nossa profissão e devemos manter esta evolução, pois nada mais importante do que preservar ou devolver a função, para que nossos pacientes se sintam estimulados a continuar a traçar seus objetivos em sua vida.
O que acham?
Tradução ao pé da letra dos 10 motivos...
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27562244
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Ate´a próxima...
Fernando Acácio Batista
Fisioterapeuta Intensivista gestor do Hospital Sancta Maggiore
Fisioterapeuta Emergêncista (ERWS)
Co- fundador e Professor da Liga da Fisiointensiva
Professor da Especialização em Fisioterapia Intensiva da Liga da Fisiointensiva
Professor do Aperfeiçoamento teórico da Liga da Fisiointensiva
Especialização em Fisioterapia Respiratória pela ISCMSP
Especialização em Fisioterapia em UTI pelo HFMUSP
Mestrando em Terapia Intensiva pelo IBRATI