Olá, meu nome é Fernando Acácio Batista e eu sou Fisioterapeuta especialista em fisioterapia em terapia intensiva adulto, além disso sou professor de ventilação mecânica tema que adoro e leciono em algumas especializações. Venho aqui deixar disponível para quem tenha interesse meu curso e e-book.
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Quão
funcional suas crianças deixam a UTI?... uma conversa sobre PICS e FSS
Quem
atua em unidade de terapia intensiva pediátrica (UTIP) não raro presencia
crianças que recebem alta da unidade com significativa perda funcional em
relação ao status pré internação na UTIP. Os avanços tecnológicos sem dúvidas
reduziram sobremaneira a taxa de mortalidade de crianças graves, mas será que
temos nos preocupado do fato em como
estamos devolvendo essas crianças para a sociedade? Será que os profissionais
que atuam em terapia intensiva pediátrica têm noção do impacto social, psicológico
e financeiro que esse déficit funcional gera na família como um todo?
O
termo “Síndrome Pós-UTI” ou “Síndrome Pós-Cuidados Intensivos” (PICS) tem sido
utilizado para descrever um conjunto de sintomas presenciados em crianças que
passaram por estado crítico, mesmo meses após a alta hospitalar. Tais sinais e
sintomas vão desde prejuízos físicos, como complicações neuromusculares periféricas,
disfunção diafragmática e piora da função pulmonar até distúrbios cerebrais e
psicológicos, tais como Delirium,
depressão, ansiedade, entre outros (1). São achados que persistem a longo
prazo, causando alterações clínicas, funcionais e psicológicas, e que em se
tratando do público pediátrico pode, inclusive, estender-se aos pais (2).
Fig. 1: criança realizando treino com cicloergômetro na UTIP.
Novamente
a MOBILIZAÇÃO PRECOCE (Fig. 1) surge como alternativa para se minimizar tal
processo patológico e seus respectivos impactos. Todavia, faz-se necessário uma
quebra de paradigmas (Fig.2) no sentido de se pôr em prática o que se discute
há muito tempo apenas no âmbito teórico. É preciso, de uma vez por todas,
entender que a fisioterapia em terapia intensiva pediátrica não se limita à terapia
respiratória. Uma das barreiras a este tipo de intervenção e que está
intimamente relacionado à PICS é o uso prolongando de algumas drogas (1) como
benzodiazepínicos, bloqueadores neuromusculares e corticoides (ilustrado
ironicamente na figura 3).
Fig. 2: metáfora sobre iniciativa para quebra de paradigmas.
Uma
revisão sistemática publicada ano passado (2017) no World Journal of Critical
Care Medicine (3) afirmou que a PICS é gerada por morbidades muito bem
descritas em crianças que sobrevivem a estados críticos e levantou os
principais fatores de risco: menor idade, menor status socioeconômico, maior
número de intervenções e utilização de sedativos e narcóticos.
Fig. 3: meme ironizando barreira à mobilização.
Neste
sentido, faz-se necessária uma preocupação com o nível funcional da criança ao
receber alta da UTIP, devendo o mesmo ser considerado como o principal indicador da equipe de fisioterapia que
atua neste setor. Este ano (2018) tivemos o privilégio de ter a Escala de
Status Funcional pediátrica (FSS) traduzida e adaptada para a cultura do Brasil
(4). Ela foi desenvolvida e fundamentada nos conceitos de Atividade de Vida
Diária (AVD) e de comportamento adaptativo. É uma escala de avaliação do escore
funcional nos domínios motor e cognitivo, especificamente desenvolvida para
pacientes pediátricos hospitalizados. Caracteriza-se por ser um método quantitativo,
rápido e confiável, aplicável a qualquer faixa etária.
A
escala é composta por seis domínios: estado mental, sensorial, comunicação,
função motora, alimentação e respiração. Cada domínio recebe uma pontuação de 1
(normal) a 5 (disfunção muito severa), portanto seu escore total varia de 6 a
30, sendo categorizada da seguinte forma:
·
6
– 7 = adequada;
·
8
– 9 = disfunção leve;
·
10
– 15 = disfunção moderada;
·
16
– 21 = disfunção grave;
·
>
21 = disfunção muito grave.
O
primeiro estudo brasileiro fazendo uso da escala (1) ocorreu no Hospital de
Clínicas de Porto Alegre, envolvendo 50 crianças egressas da UTIP, e onde foi possível
demostrar maior prevalência de disfunção
moderada na funcionalidade global das mesmas. Também encontraram
relação entre reiteração na UTI pediátrica e piores escores da FSS, associados também
a maiores índices de mortalidade, maior permanência na UTI e em VMI.
Prof. Paulo Douglas Andrade
Mestre em
Doenças Tropicais
Fisioterapeuta
da UTI PED do Hospital de Clínicas de Belém e do CTI do Hospital Universitário
da UFPA
Especialista
Profissional em Terapia Intensiva Pediátrica, Neonatal e Adulto
Docente de
cursos de Pós em Terapia Intensiva (INSPIRAR, CESUPA, UFPA, FINAMA)
Orientador da
LAFIPEN
Wendy da Silva Modesto
Acadêmica de
Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará (UEPA)
Membro da Liga
Acadêmica de Fisioterapia Pediátrica e Neonatal (LAFIPEN)
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